Madeira

Alunos de São Tomé manifestam-se contra condições oferecidas pela Escola Hoteleira

Condições do alojamento, falta de alimentos ou horários que consideram de "escravatura" entre as razões apontadas

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Os alunos de São Tomé e Príncipe que estão a frequentar um curso de restauração de três anos na Escola Profissional de Hotelaria e Turismo da Madeira, ao abrigo de um protocolo entre a escola e aquele país africano, estão, neste momento, a manifestar-se contra as condições que, segundo alegam, lhes estão a ser impostas pela direcção daquele estabelecimento de ensino.

Em causa, segundo alegam os alunos, que não se quiseram identificar por temerem represálias, estão as condições do alojamento disponibilizado, a alimentação fornecida e os horários de formação prática em contexto de trabalho ao fim-de-semana. Referem que no acordo assinado, as aulas práticas deveriam acontecer apenas à quinta e sexta-feira, o que, na realidade, não acontece, havendo alunos que trabalham das 7 da manhã às 22 horas, ao fim-de-semana. 

Para mostrar o seu desagrado com esta situação, que, conforme apontaram à nossa reportagem, se arrasta desde o início da formação, há dois anos, resolveram não comparecer nas aulas desta segunda-feira, exigindo serem ouvidos, em conjunto, por alguém da direcção da escola, algo que dizem ter sido, para já, recusado.

Em causa estão cerca de 70 alunos, que, conforme deram conta, esperavam encontrar melhores condições na Madeira do que aquelas que realmente lhes têm sido oferecidas. Dizem-se "escravizados" e lamentam que nenhuma entidade tome qualquer posição em relação ao problema. 

Parte dos alunos reside nas instalações integradas na Escola de Hotelaria e Turismo da Madeira, outros ficam alojamentos nas unidades hoteleiras onde estão a fazer estágio. Estes últimos, apontam, têm de trabalhar além das horas de estágio, de modo a procederem ao pagamento da respectiva estadia. 

Versão diferente têm os elementos da direcção, que embora não querendo prestar declarações ao DIARIO, remetendo para um direito de resposta a ser devidamente formalizado, deram conta de que os alunos resolveram, unilateralmente, faltar às aulas, sem apontar motivos para tal. Em resposta, a direcção alega ter procurado saber o que se estaria a passar, disponibilizando-se para receber dois representantes de cada turma dos alunos se São Tomé, algo que não terá sido aceite pelos discentes.

Reunidos à porta da escola, os alunos são-tomenses prometem manter os protestos nos próximos dias, caso não haja solução para os problemas de que se queixam.

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