Comunidades Madeira

Cafôfo pede valorização da comunidade na Austrália

No país residem cerca de 60 mil portugueses, a maioria dos quais originários da Madeira

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“Não nos podemos, de maneira nenhuma, esquecer destes madeirenses aqui na Austrália, que para aqui vieram há tanto tempo e aqui enraizaram, mas nunca esqueceram a Madeira”, afirmou hoje o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP), Paulo Cafôfo, no âmbito da sua primeira deslocação junto das comunidades portuguesas e lusodescendentes na Austrália e em Timor-Leste.

“Eu encontrei aqui pessoas que dizem que, vivendo aqui há tantos anos, querem que os seus últimos dias sejam na Madeira. Isto é um sentimento muito forte, até porque muitos deles nunca mais foram à Madeira desde que aqui chegaram ou outros que foram apenas uma vez”, reforçou Cafôfo.

Em declarações ao DIÁRIO, o secretário de Estado reiterou a ideia de que esta comunidade “que nos contactos com as autoridades locais é muito valorizada, merece também por parte de todos nós – não só dos governos, mas dos portugueses em geral e dos madeirenses em particular ¬ uma maior atenção”.

Paulo Cafôfo deu conta que, neste momento, há cerca de 60 mil portugueses a residir na Austrália, na sua “maioria originários da Madeira”.

É uma comunidade “que está bem do ponto de vista social e do ponto de vista económico, mas que sente-se um pouco esquecida”, vincou o diplomata, acrescentando que a sua visita ao país acabou por ser vista como “um tónico” pelos emigrantes.

“Obviamente sinto-me honrado nesta minha missão de secretário de Estado das Comunidades, em manifestar, não só o apreço por esta portugalidade e esta ligação que continuam a ter à Madeira, mas também nos apoios que efectivamente podemos dar”, disse ainda Paulo Cafôfo, adiantando “este ano batemos um recorde em termos de apoio às associações” e que as candidaturas aos apoios a atribuir no próximo ano serão “realizadas com uma nova lei de apoio ao seu associativismo”.

Com efeito, a visita, que decorre entre os dias 17 e 28 de Março, integra contactos com autoridades locais bem como encontros com organizações associativas e membros da comunidade portuguesa, prestando homenagem a alguns representantes da comunidade e distinguindo algumas instituições, cujo trabalho se tem vindo a destacar.

Hoje, este “roteiro de Portugal do mundo", teve o seu início com a visita a uma escola, a Escola Portuguesa de Marrickville, em Petersham, onde Cafôfo pode constatar “o grande entusiasmo, que tanto professores como alunos, têm pela cultura e pela língua portuguesa”.

“O Governo Português tem apostado no ensino da língua portuguesa do estrangeiro, aliás, este ano temos mais professores, mais orçamento, temos mais alunos e vamos iniciar um processo de digitalização do ensino que chegará aqui à Austrália, com atribuição de tablets com conteúdos pedagógicos, criados especialmente para o ensino da língua portuguesa enquanto língua de herança”, avançou o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Cafôfo deixou ainda o desafio para que os alunos lusodescendentes “depois de completarem o secundário possam vir estudar nas universidades portuguesas”, uma vez que Portugal tem alocadas sete por cento das vagas no ensino superior a estes estudantes.

Este sábado ficou ainda marcado pela visita a associações, com destaque para o Portugal Madeira Club de Sidney, “a única associação que leva o nome da Madeira ou que tem o nome da Madeira aqui na Austrália”.

Este clube – que “tem actividades culturais, sociais e desportivas” e até “um clube de futebol na segunda divisão australiana” – caracteriza-se por um “enorme dinamismo” e soube “ajustar-se e adaptar-se apesar da pandemia”.

A visita do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas à Austrália enquadra-se no conjunto de iniciativas junto da diáspora, para este mandato, denominado 'Portugal no Mundo: Caminhos para a Valorização das Comunidades Portuguesas', com o objectivo de “reforçar laços, aproximando os portugueses residentes no estrangeiro ao nosso país e, simultaneamente, contribuir para uma visão actual da nossa diáspora”.