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Costa afirma que vai seguir em frente pelo caminho que escolheu

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O primeiro-ministro afirmou hoje que ouve o ruído da bolha político-mediática, mas assegurou que não se distrai e que vai seguir em frente pelo caminho que escolheu, sempre com as "mãozinhas no volante e olhos na estrada".

Esta imagem foi transmitida por António Costa no final da primeira ronda do debate sobre política geral na Assembleia da República, na sequência de uma intervenção do líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias.

O líder do executivo deixou alguns avisos sobre a forma como irá cumprir o seu mandato até 2026, defendendo a tese de que o Governo e o PS não se podem distrair do essencial.

"A política não se faz na bolha. A bolha político-mediática dá muito ruído, deve dar muitos shares, muita conversa de café, mas não muda nada na vida dos portugueses. O que muda a vida dos portugueses é a ação que temos juntos dos portugueses, na melhoria da sua qualidade de vida, de responder e resolver os seus problemas", sustentou.

Depois, António Costa provocou risos em várias bancadas pelo modo como continuou a explicar a sua filosofia de ação enquanto primeiro-ministro.

"Não seguindo os maus conselhos de não ler os jornais, de não ouvir os outros, penso devemos saber ouvir mas não nos distrairmos. Junto de nós, fazem ruído -- chek, chek, chek -- mas vamos seguindo em frente e concentramo-nos naquilo que é fundamental, que é cumprir a nossa missão", disse.

Perante os deputados, ainda neste contexto, António Costa recorreu também ao exemplo da condução rodoviária correta.

"É como quando estamos no carro e nos distraímos a falar ao telemóvel ou a ouvir a conversa do lado. Podemos ouvir, mas sempre com as mãozinhas no volante e os olhos na estrada, porque o caminho é para a frente e sem distrações laterais", afirmou, recebendo palmas da bancada socialista.

Para António Costa, "é preciso ter a capacidade de não escutar o ruído da espuma dos dias e continuar focado nos portugueses, nos seus problemas e na sua resolução, com olhos postos no futuro, apoiando hoje quem necessita de ser apoiado".

De acordo com o primeiro-ministro, se os portugueses deram ao PS uma maioria absoluta "e deu mandato ao Governo para governar até outubro de 2026, é porque sabe que há uma grande diferença entre o PS e os demais partidos".

"Nós focamo-nos no país e nos problemas das pessoas e na solução dos problemas das pessoas. Não podemos andar a governar na espuma dos dias, sabendo qual o caso do dia", disse, fazendo então uma alusão indireta às buscas realizadas pela Polícia Judiciária na Presidência do Conselho de Ministros.

"O que é que este disse, o que é que o outro disse, a judiciária foi ali, o Ministério Público foi acolá. Entendo que as instituições devem funcionar e fazer o seu trabalho. E nós devemos funcionar fazendo o nosso trabalho", assinalou.

Na perspetiva de António Costa, o trabalho do seu Governo até pode ser simplificado: "Não inventar problemas e resolver os problemas que existem pela frente".

"Portanto, foquemo-nos. E o que é o foco? É aquilo que é emergente, proteger as pessoas o mais possível neste contexto de crise. Mas ninguém nos perdoaria se nos esgotássemos na emergência do presidente", acrescentou António Costa.

Citou, depois, um conjunto de reformas que disse estarem em curso no país, desde as áreas da saúde mental, estatuto do Serviço Nacional de Saúde, mobilidade e Agenda do Trabalho Digno até à reforma da educação, passando também pela alta velocidade ferroviária e pelo acordo com o PSD sobre a metodologia para a escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa.