PS Madeira continuará igual a si mesmo: obediente, suave e sem defesa da Madeira

Sérgio Gonçalves invoca, num artigo de opinião, em torno da sua moção e candidatura à liderança do PS Madeira, o contencioso e os diferendos com a República, como sendo uma questão criada pelo Governo Regional nefasta para os madeirenses e porto-santenses.

O Presidente do Governo disse recentemente, e bem, o seguinte: “o governo socialista não transformará a Madeira numa qualquer repartição salazarenta do colonialismo centralizador português. Quem tem medo da luta pelos ideais, não deve estar na política. Nós não retificamos políticas. Nós fazemos e lutamos por políticas, quando estão em causa os interesses da população da Região Autónoma da Madeira.”

Nenhum madeirense e porto-santense considerará nefasto aos interesses da Madeira e Porto Santo, quando estes são reiteradamente desconsiderados, que se aponte e se lute contra incumprimentos, obstáculos e omissões da República.

O que seria, na verdade, nefasto à Madeira e Porto Santo seria essa ausência de defesa dos nossos interesses, sempre que postos em causa.

O que há a retirar da posição do candidato à liderança do PS Madeira é que, com ele, o PS Madeira continuará a acrescentar ao seu histórico novas tomadas de posição em linha com os interesses do Governo de António Costa, sejam eles contra ou a favor dos interesses da Madeira e Porto Santo. Isto porque, se se diz contra um endurecimento do discurso em situações em que a defesa da Região está em causa é porque é pela continuidade desse registo histórico do PS Madeira: sempre alinhados com o PS nacional e não com a defesa da Região.

Ao contrário do que diz Sérgio Gonçalves, a Autonomia e a sua defesa, assim como a defesa dos interesses dos madeirenses e porto-santenses foi alcançada e construída assente em ideais, como disse Miguel Albuquerque, exigindo luta, porque nada nos foi dado sem luta política.

Se repetidamente nos obstaculizam interesses legítimos a réplica não pode ser o conformismo de aceitar de bom grado da República o que não nos serve.

Se a Autonomia servisse para isso, aí sim, estaríamos bem entregues aos socialistas.

Jesus Camacho