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Duas pessoas encontradas decapitadas em Moçambique

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A população de uma comunidade do interior de Cabo Delgado, norte de Moçambique, encontrou na segunda-feira dois corpos decapitados junto ao rio Messalo, disseram fontes locais.

"Encontrámos duas pessoas mortas nas margens do rio, de onde tiramos água para beber e onde pescamos", disse um morador de 44 anos da comunidade de Litandakua, situada no meio do mato, a 40 quilómetros da sede de distrito, Macomia.

"Esses que foram mortos estavam ali, como nós", em busca de água e pesca e terão sido assassinados no domingo, acrescentou.

A população encara o assassínio como uma ameaça e alguns residentes pretendem fugir da aldeia para a sede de distrito.

"Acho que ainda não estamos seguros, vale a pena abandonar" a aldeia, lamentou outro residente, que atribuiu o ataque aos grupos armados que há cinco anos atormentam Cabo Delgado.

A comunidade de Litandakua é uma das que é protegida por milícias, que ajudam as forças moçambicanas a combater a insurgência, mas os receios persistem.

Na última semana, numa outra comunidade, Lyúkwé, também no interior do distrito de Macomia, os residentes descobriram três corpos em avançado estado de decomposição.

De acordo com os relatos, supõe tratar-se de membros dos grupos rebeldes, entretanto abatidos com perfurações nas costas e tórax.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por uma violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de violência a sul da região e na vizinha província de Nampula.

Macomia é um dos distritos que já fica fora do perímetro de construção dos projetos de gás e para onde alguns insurgentes terão fugido depois de destruídas as bases que os albergavam, vivendo nas matas e saqueando aldeias.

Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o ACNUR, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.