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Marcelo mais pessimista quanto à inflação deseja que Governo tenha razão

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Foto Lusa

O Presidente da República assumiu hoje estar mais pessimista do que o Governo quanto à evolução da inflação em 2023, mas afirmou que "não há nada como esperar para ver", desejando que o Governo tenha razão.

"Eu tenho de reconhecer que as previsões do Governo são mais otimistas do que aquelas que eu tinha, tenho de admitir isso. E aí não há nada como esperar para ver se o Governo tem razão. Se tiver razão, eu reconheço essa razão. Se não tiver razão, então eu naturalmente estou atento", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Museu da Eletricidade, em Lisboa, assumindo algum "pessimismo" nesta matéria.

No cenário macroeconómico que serve de base à proposta de Orçamento do Estado para 2023 o Governo prevê taxas de inflação de 7,4% em 2022 e de 4% em 2023.

Sem apontar números para a evolução da inflação, o chefe de Estado admitiu pensar que "uma imprevisibilidade pode levar a que a taxa de inflação possa ser um bocadinho mais elevada, pelo menos no começo do ano que vem".

"Ao que o Governo responde dizendo: pois é, mas o cálculo é para o ano que vem todo, e mesmo que a inflação ainda esteja a nível de 5%, 5% e tal no começo do ano que vem, no final já não está. Portanto, é um problema de contas. Eu respeito as contas do Governo, e ficarei muito satisfeito se for o Governo a ter razão", concluiu.

Segundo o Presidente da República, o Governo apresentou uma proposta de Orçamento do Estado para 2023 para "um tempo difícil, com muitas imprevisibilidades", procurando "equilíbrio" e "acaba por não agradar a gregos nem a troianos".

"Uns queriam mais, e depois há uns economistas que dizem: atenção, isto é perigoso. O Governo está a fazer a navegação possível à vista da costa. Toda a gente está a navegar à vista da costa", considerou.

Questionado se reconhece equilíbrio na proposta de Orçamento, respondeu: "Eu reconheço um Orçamento que parte de uma situação com folga em 2022, portanto, houve a preocupação de criar a folga em 2022. Gere essa folga sem correr muitos riscos, partindo do princípio de que a situação vai evoluir favoravelmente naquilo que neste momento é mais doloroso para os portugueses, que é a subida dos preços".

No seu entender, "há uma confiança do Governo quanto a que a inflação não vai subir, disparar, nem vai continuar muito alta, aí há confiança".

"No resto, o Governo vai gerindo de tal maneira que -- como se verá no ano que vem, tem sido a prática nos últimos anos -- vai ajustando semana a semana, mês a mês, ao longo do ano com a tal navegação à vista da costa. Piora um bocadinho, toma precauções. Melhora um bocadinho, já tem uma folga para poder intervir mais", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou que o executivo "tira proveito do ano melhor de 2022", referindo que "a primeira parte de 2022 correu bem economicamente, com o turismo, com o crescimento" e que além disso "ajudou haver um Orçamento executado em duodécimos" no primeiro semestre.

No cenário macroeconómico da proposta de Orçamento do Estado para 2023 que entregou hoje na Assembleia da República, o Governo prevê que um crescimento económico de 1,3% e um défice orçamental de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano.

A proposta do Governo vai ser debatida na generalidade no parlamento nos próximos dias 26 e 27 e a votação final global está marcada para 25 de novembro.