Medalha de lata

Uma terra existe nesta "terra", onde há porto -santenses capazes de sonhar, caminhando na pacatez dos dias. São cidadãos no gozo dos seus direitos cívicos que se manifestam graciosamente em defesa da sua terra.

Os cânticos de sereia que agora escutamos já não nos iludem. Já não existe espaço para a ilusão dos que se sentem desiludidos ou, de certa forma, ofendidos pela conduta do poder que os representa.

O mês de Agosto continua a fazer parte do calendário e é, como sempre foi, o mês de maior movimentação de pessoas e bens na ilha, oriundos de vários cantos do país e do mundo, mas com maior prevalência da ilha da Madeira. Sabendo de antemão que as previsões apontavam para uma afluência de pessoas na ordem de várias dezenas de milhar, e a fazer fé no que foi tornado público por entidades ligadas ao turismo e não só, porque não se tomou as devidas providências no sentido de turistas e locais poderem conviver sem atropelos nem constrangimentos?

Quando se sabe que os parques de estacionamento de que dispomos já são exíguos para as nossas necessidades, não era de prever o caos que se gera diariamente com a entrada de centenas de viaturas? Não seria pertinente ter encontrado uma alternativa viável para que se evitassem estacionamentos em locais privados, desordenadamente e sem respeito por nada nem por ninguém? Não teria sido possivel, pelo menos, menorizar esta situação? Porque é que as soluções só aparecem em vésperas de eleições e depois se perdem no arquivo do esquecimento? Tem sido sempre assim em anos subsequentes. Os problemas estruturais continuam por resolver. Por isso é que nos queixamos quase sempre do mesmo, o que acaba por tornar-se fastidioso.

É desta forma que se quer transformar o Porto Santo numa ilha verde, livre de combustíveis fósseis, etc. etc. etc..Ou isso só é válido em projectos, filmes e fotos para a posteridade?

Por acaso alguém se lembrou que o lixo produzido por cinco mil pessoas não é exactamente o mesmo que produzem trinta ou quuarenta mil? Aumentaram o número de contentores para salvaguardar o depósito de resíduos em locais impróprios e evitar contentores atafulhados e lixos espalhados pelo chão?

Onde estão as nossas forças de Segurança quando há multidões pela rua, bares a rebentar pelas costuras, consumidores uns em cima dos outros, sem respeito nenhum pelas normas de segurança de saúde pública em contexto de pandemia? Nem é preciso chegar perto, é coisa que se vê muito bem ao longe...

Estarão todos, provavelmente, em operações STOP, zelando sempre pela nossa segurança, de tal forma que alguns condutores são parados uma, duas, três vezes, configurando quase uma atitude persecutória...para mais quando se está em cumprimento de todos os requisitos exigidos por lei. Atenção, que não ponho em causa a actuação das forças policiais, militares ou militarizadas. Pelo contrário. Mas, infelizmente, há alguns elementos destas corporações que envergonham a farda que envergam. "À mulher de César, não basta ser, tem de parecer ".

Estes são apenas alguns dos problemas/inquietações que acho, tocam a todos.

Não há pódio para o poder da inércia, da omissão, da subserviência e da mediocridade.

Mas há uma medalha. De lata.

Madalena Castro