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Turistas começam a chegar a São Miguel atraídos por "destino seguro" e "incentivos"

Turistas na Praia de Santa Bárbara, Ribeira Grande, ilha de São Miguel 
Turistas na Praia de Santa Bárbara, Ribeira Grande, ilha de São Miguel , EDUARDO COSTA/LUSA

Após um ano e meio de pandemia de covid-19, em São Miguel a presença de turistas já é bem notória nos principais pontos turísticos, com os viajantes "atraídos" pela "segurança" do destino Açores e devido "aos incentivos promovidos".

"Já queria conhecer a ilha há algum tempo. Se calhar, não seria a primeira prioridade, mas dada a condição pandémica e os benefícios que o Governo disponibiliza [testes à covid-19 gratuitos em laboratórios convencionados, por exemplo] fazia todo o sentido vir agora", contou à agência Lusa Daniela Teixeira.

Junto à entrada da Caldeira Velha, uma cascata de água quente férrea no concelho da Ribeira Grande, Daniela aguarda pela entrada no Monumento Natural, elogiando a beleza das paisagens naturais dos Açores.

A jovem chegou "há poucos dias de Lisboa", mas antes já tinha visitado a ilha Terceira com o mesmo grupo de amigos que está agora na ilha de São Miguel.

"É a primeira vez que estou em São Miguel", realçou à Lusa, acompanhada pelos amigos à porta de entrada da Caldeira Velha.

Sandra Pires viajou também até São Miguel no mesmo grupo de amigos e partilha com Daniela o facto de ser "a primeira vez" que visita São Miguel.

A jovem diz que "já tinha" nos "planos conhecer a ilha", mas a existência de testes gratuitos à covid-19, obrigatórios para evitar a quarentena, "foi uma facilidade e, claro, uma ajuda" para marcar esta viagem.

Aliando a natureza e as condições de "segurança" encontradas nos Açores, Zelina, de 25 anos, e Mia, de 35, optaram também pela visita, pela primeira vez, à ilha de São Miguel.

Nas Sete Cidades, um dos principais pontos turísticos da ilha, que ostenta o galardão de uma das sete maravilhas de Portugal, são muitos os turistas que aproveitam um dia de sol no miradouro da Vista do Rei, com uma paisagem "deslumbrante" sobre a freguesia e as duas lagoas.

É o caso de duas jovens alemãs que confessam à Lusa estarem "maravilhadas" com a paisagem, em concreto com a natureza envolvente às lagoas.

"É lindo. E já fizemos este trilho à volta das Lagoas", descreveu Mia.

Ambas garantem que não foi difícil escolher este destino, "por causa da natureza" e "do imenso oceano", numa estadia que se vai manter por "duas semanas".

Zelina conta que teve "boas" referências através de "uma amiga" que lhe falou dos Açores.

"Surpresa positiva" foi também saberem que "não precisavam de pagar o teste à covid-19", apesar de criticarem "a imposição" de o realizarem "mais do que uma vez", porque a permanência na ilha se prolonga.

Nas portas da cidade de Ponta Delgada, os Silvas juntam-se para uma foto de família, tendo como pano de fundo a marginal.

"Com o covid, não dava para ir para viagens pouco seguras. Aqui sentimo-nos bem", disse João, de 47 anos.

A família com dois filhos, partiu do Norte do país rumo a São Miguel, onde espera desfrutar de "oito dias" de um "merecido descanso".

O Governo dos Açores suporta o custo dos testes covid-19 prévios ao embarque para a região, realizados 72 horas antes da partida do voo do aeroporto de origem.

Para além disso, o Governo dos Açores atribui um incentivo financeiro a quem faz o teste previamente à viagem, valor que depois é "utilizável, exclusivamente, na aquisição de bens ou serviços, em qualquer dos estabelecimentos da rede de aderentes".

A iniciativa "Voucher Destino Açores Seguro", para promover a realização de testes de despiste à infeção por SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, prévios ao embarque para a região, é fixado "em 35 euros para todos os passageiros não residentes, com idade superior a 12 anos, que embarquem em aeroportos situados em território continental e na Região Autónoma da Madeira.

O mesmo acontece com as restantes viagens com origem no estrangeiro e que desembarquem nos aeroportos nas ilhas de Santa Maria, São Miguel, Terceira, Pico e Faial, sendo emitido um vale por cada passageiro".

Hotelaria e alojamento local nos Açores admitem início da retoma 

Os representantes da hotelaria e do alojamento local nos Açores afirmam que o setor está "a iniciar" a retoma, mas "longe dos números de 2019" e as unidades que estavam encerradas devido à pandemia já começaram "a reabir".

O delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal, Fernando Neves, adiantou à agência Lusa que a "procura nos últimos tempos melhorou substancialmente em relação a 2020 e ultrapassou um pouco até as expetativas de há um ou dois meses", devido "à atual situação pandémica, ao aumento da vacinação e a uma maior segurança e confiança das pessoas".

"Estamos no início da retoma. Naturalmente que estamos acima de 2020, que foi um ano bastante baixo. E, creio que 2021 será superior ao ano passado", sublinhou à Lusa Fernando Neves, indicando que "muitos hotéis fecharam" em São Miguel devido à pandemia, mas "alguns já começaram a reabrir".

Apesar das perspetivas otimistas para este verão no arquipélago, o dirigente associativo sublinhou que "não se atingirão os valores de 2019 de pré-pandemia" de taxas de ocupação na hotelaria.

"Não será este ano, nem possivelmente no próximo", que o setor irá atingir níveis de há dois anos, observou.

Segundo o delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal, as taxas de ocupação dos hotéis "em 2019 por esta altura do ano estavam acima dos 70% a 80%", no caso, por exemplo, de São Miguel, e atualmente, segundo as estimativas, "oscilarão entre os 40 a 50%".

Fernando Neves adiantou que as reservas são "na maioria" de turistas "nacionais", mas já se começa a notar também "alguma procura de internacionais", nomeadamente "alguns visitantes dos Estados Unidos da América e França".

"Nas outras ilhas, a informação que tenho é que também está haver uma retoma rápida", avançou ainda.

O presidente da Associação do Alojamento Local dos Açores, Rui Correia, assinalou também à Lusa que "há alguma retoma", embora considere ser necessário "algum cuidado em medir" esta recuperação.

"Os dados de 2020 foram francamente maus. Nós gostávamos que a retoma fosse para atingir outra vez os números de 2019 e todas aquelas que eram as perspetivas antes da pandemia", referiu.

Em 2019, um ano de pré-pandemia, e segundo o responsável, o alojamento local "já estava a representar praticamente um terço das dormidas ao nível do arquipélago açoriano e a tendência era aumentar ainda mais".

Ainda assim, Rui Correia, constatou que "tem havido uma procura muito grande" para este verão, em concreto para "as ilhas mais pequenas", com mais valias para "todas as outras atividades económicas que estão à volta do alojamento local", o caso de rent-a-cars.

Também devido à redução no preço das tarifas aéreas entre as nove ilhas dos Açores, temos notado "um ligeiro acréscimo" nas reservas nas ilhas mais pequenas, acrescentou.

"As pessoas acabam por preferir unidades mais pequenas, como apartamentos, moradias isoladas e hospedagens. A retoma está a acontecer, mas estamos longe de 2019", salientou, indicando que as reservas são "essencialmente de turistas continentais" que se sentem "seguros" na escolha pelo destino Açores.

Além disso, vincou, as autoridades regionais "mantêm implementado o teste ao sexto dia para os viajantes que chegam e as pessoas sentem-se mais confortáveis se ficarem mais dias".

Apesar do aumento no número de reservas, ambos os responsáveis apontam para "alguns" cancelamentos devido "à alteração semanal das medidas" de combate à pandemia, nomeadamente em São Miguel, a ilha que concentra maior número de casos ativos de covid-19.

"O facto de a restauração ter de encerrar atualmente em Ponta Delgada às 20:00 é uma situação que não é convidativa e isto tem-se notado quer nas pessoas que cá estão como nos turistas que pretendem visitar São Miguel", afirmaram os responsáveis.