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Consulta 'online' de neurocirurgia vence prémio de inovação em saúde

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O projeto de criação de uma teleconsulta de neurocirurgia no Centro Hospitalar da Universidade do Porto ligada em rede a diversos serviços de saúde e outros centros hospitalares venceu hoje o BI Award for Innovation in Healthcare.

Este é um dos três prémios hoje atribuídos num concurso que pretende distinguir projetos inovadores na área da saúde e galardoar projetos que possam ser integrados em contextos reais de saúde em Portugal.

Depois de mais de um ano em que o país e, em especial, os serviços de saúde foram invadidos por problemas associados à pandemia de covid-19, foram escolhidas três ideias em que o foco foram os doentes não covid.

O principal vencedor foi a equipa GLIA, do Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP), que idealizou um serviço de teleconsulta na área da neurociência, anunciou a organização do BI Award.

O grupo propôs a criação de uma sala de teleconsulta no serviço de Neurocirurgia, com integração 'online' através de uma plataforma digital, que permite uma comunicação imediata com os Cuidados de Saúde Primários, rede de Cuidados Continuados e Cuidados Paliativos e restantes Centros Hospitalares da área de influência com equipamento tecnológico e espaço físico apropriados.

Com este serviço os utentes deixavam de ser obrigados a realizar tantas deslocações e teriam as consultas e meios complementares de diagnóstico e terapêutica mais concentrados.

A ideia vencedora foca-se na dor lombar, mas a ideia é que o projeto-piloto possa vir a ser alargado a outras patologias e outras especialidades assim como a outras zonas do país.

Em segundo lugar, ficou a equipa MyDHU com o "Sistema de Informação para apoio ao cuidador informal e ao utente - Uma abordagem integrativa em Hospitalização Domiciliária".

A ideia é otimizar o atual serviço de Hospitalização Domiciliária com recurso a tecnologias de informação e comunicação (TIC), facilitando a comunicação entre os diferentes prestadores de cuidados, mas, sobretudo, entre estes e os utentes e cuidadores informais.

A aplicação permite registar vários dados de saúde do doente e introduzir evoluções diárias, "bem como colocar dúvidas a que a equipa de saúde procurará dar resposta", explica a organização em comunicado.

O projeto tem também como objetivo promover a literacia dos cuidadores informais, ensinando por via virtual temas relevantes como técnicas de mobilização do doente, medição da pressão arterial ou do oxigénio.

Em terceiro lugar, ficou a equipa Safer, com uma proposta de "identificação pró-ativa para referenciação rápida e segura de doente não covid, que une os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares e que recorre a 'business intelligence' para a priorização clínica dos utentes".

A ideia da equipa foi criar uma ferramenta que permitisse identificar os doentes que ficaram para trás, chamando-os pró-ativamente para consultas nos centros de saúde e nos hospitais.

O projeto foca-se sobretudo nas doenças crónicas não transmissíveis, isto é, nas pessoas com dislipidemia, hipertensão, diabetes e obesidade, entre outros exemplos, ou em risco de desenvolver estas patologias.

Segundo a organização, concorreram a este prémio mais de 100 equipas com projetos "diferenciadores e inovadores para apoiar a retoma dos cuidados de saúde e o sistema de saúde em Portugal".

O anúncio dos vencedores será hoje na Ordem dos Médicos, em Lisboa.

"As boas ideias existem, unem os profissionais de saúde, muitas delas vêm mesmo de quem está no terreno e que quer encontrar melhores respostas para os doentes que protege e de quem cuida todos os dias. É crítico que o Serviço Nacional de Saúde acarinhe esta vontade de fazer diferente, pelo que a valorização do capital humano significa só por si, mas sobretudo porque são ideias que melhoram a qualidade de vida dos nossos doentes", disse o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

O BI Award for Innovation in Healthcare é uma iniciativa da Boehringer Ingelheim e conta com o apoio institucional da Ordem dos Médicos.

Além do prémio de 47.500 euros - a dividir pelas três equipas vencedoras - a iniciativa pretende integrar os projetos vencedores num ecossistema adequado à sua aplicação.