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Manifestação em Paris bloqueada devido a conflitos com a polícia

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Foto EPA

Paris saiu hoje à rua para celebrar o Dia do Trabalhador, com muitas reivindicações ligadas à crise sanitária, mas os populares foram surpreendidos com um aparato policial que terminou em violência e confrontos com as autoridades.

"É uma manifestação de polícias ou do povo?", gritou um manifestante, quando os confrontos começaram entre as forças de ordem e os milhares de parisienses que acorreram à manifestação que aconteceu hoje na capital francesa.

Pelo menos 2.000 polícias de choque e militares foram destacados para este protesto, com mais cerca de 3.000 efetivos que se foram colocando entre a Praça da República e ao longo da Boulevard Voltaire para garantir a segurança do evento, a primeira grande manifestação em Paris depois do início da pandemia da covid-19.

Lila, reformada de 68 anos, participa nesta manifestação há mais de 30 anos e não compreende este reforço de segurança.

"Desde há dois anos, as manifestações são violentas em França. Agora, estamos aqui todos parados. Há muito mais polícias do que antes, a manifestação da CGT [central sindical] só tinha alguns polícias para acompanhar o cortejo. Mas é horrível, eles até se infiltram nas manifestações", comentou, em declarações à agência Lusa.

Esta reformada parisiense disse mesmo que este reforço de segurança vai "contra a liberdade de manifestação".

"Estamos num país democrático", declarou.

Há vários dias que as forças da ordem preparavam esta operação, temendo o regresso dos protestos violentos encabeçados por grupos radicais. A estratégia, de forma a impedir estragos e violência generalizada, foi um enquadramento da multidão e um reforço nas esquinas com outras grandes avenidas, assim como a intervenção dos polícias em motas.

No entanto, esta prevenção não impediu o arremesso de objetos contra a polícia e a resposta chegou em forma de vários disparos de gás lacrimogéneo.

Com um longo cortejo, a maior parte dos confrontos ocorreram à frente da maior parte dos manifestantes organizados pelos sindicatos, com vários jovens encapuzados a infiltrarem-se e a causarem os primeiros distúrbios.

A manifestação ficou parada em vários momentos devido a estes conflitos, decorrendo o resto do tempo de forma pacífica. Às 14:20, a polícia já tinha detido 17 pessoas, segundo indicou a Prefeitura de Paris.