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Banca funcionava de forma "leviana" no crédito

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O empresário Bernardo Moniz da Maia considerou que a banca funcionava de forma "leviana", antes da crise financeira mundial, na concessão de crédito e "batia à porta" de potenciais investidores.

"Na época 2006 e 2007 o sistema financeiro mundial e nacional funcionava de uma forma... podemos quase dizer, entre aspas, leviana, e havia forma das coisas serem feitas", disse o administrador do grupo Moniz da Maia no parlamento.

Bernardo Moniz da Maia está a ser ouvido pelos deputados na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução como um dos grandes devedores do banco.

"A forma de financiar era porque os bancos, presumo eu - e isto é uma mera opinião minha - com o intuito de serem o número um bancário, assediavam - não é bem a palavra certa - e criavam condições, batiam à porta, no sentido de que as pessoas pudessem fazer investimentos para financiar", respondeu ao deputado Eduardo Barroco de Melo (PS).

Em causa está um crédito contraído junto do BES para aquisição de ações do BCP pelo grupo Moniz da Maia, que estava garantido pelas próprias ações do BCP, que depois se desvalorizaram.

O deputado Hugo Carneiro (PSD) questionou o empresário sobre "que tipo de relação tinha com a família Espírito Santo para que lhe facilitassem créditos que nenhum português neste país conseguiria obter sem garantias", depois de dizer que o grupo "endividou-se sem garantias nenhumas", superiores a 400 milhões de euros "com garantias de 3% desse valor ou nessa ordem de grandeza".

"O endividamento que o grupo foi realizando ao longo do tempo nunca foi munido das garantias ao banco. Parece que há uma relação especial entre o grupo e a família Espírito Santo, tanto é que vocês pertenciam à ESI [Espírito Santo International]", a holding do grupo, disse Hugo Carneiro.

Bernardo Moniz da Maia disse que a relação "já vem de há muito tempo dos vários negócios", considerando-a "meramente institucional" em que "não havia relações pessoais".

O empresário disse ainda que para pagar a dívida de cerca de 500 milhões de euros sugeriu um pagamento de 100 milhões de euros a 15 anos, que segundo o empresário foi recusado pelo Novo Banco.