Turismo Madeira

ACIF propõe reafectar 230 dos 561 milhões do PRR da Madeira para empresas e economia

Associação empresarial apresentou o estado devastador da pandemia no sector do Turismo, acreditando que 48% da hotelaria não tem dinheiro para aguentar despesas no final deste mês

António Jardim Fernandes e Jorge Veiga França na apresentação das propostas.
António Jardim Fernandes e Jorge Veiga França na apresentação das propostas.

Com o PIB regional a recuar aos níveis de 2005, tendo a Madeira perdido 26% da sua riqueza, calculado até à data em cerca de 1,5 mil milhões de euros, desde a primeira hora quando soube dos planos do Governo Regional para o Plano de Recuperação e Resiliência, a Associação Comercial e Industrial do Funchal - CCIM deu conta do desagrado por este não contemplar apoios directos às empresas e à economia. Vai daí, durante o processo de auscultação pública que terminou no dia 1 de Março, foi uma das entidades que fez propostas de alteração que hoje esmiuçou em conferência de imprensa.

Assim, a ACIF-CCIM tendo em conta o "efeito devastador na economia e no turismo" da pandemia em andamento, cujas projecções mais optimistas apontam para uma gradual reabertura dos mercados a partir do Verão, quando se acredita se vai começar a atingir a imunidade de grupo proporcionada pela vacinação em massa das populações, o presidente e vice-presidente da associação deram conta que querem que o Governo afecte 230 dos 561 milhões de euros do PRR para apoiar directa e indirectamente as empresas e a economia regional, retirando-se fundos de outros programas sem afectar o seus objectivos e que, à primeira vista, não iriam beneficiar as empresas.

Jorge Veiga França e António Jardim Fernandes apresentaram um estudo realizado junto do sector hoteleiro, representativo de 56% da capacidade hoteleira regional e que dão trabalho a 3.864 pessoas, que conclui, entre outros aspectos, que 76% não têm capacidade para suportar a gradual reabertura da actividade sem ajudas adicionais, 70% têm autonomia para suportar despesas (incluindo salários e outros custos) entre 0 a 2 meses, sendo que destes quase metade (48%) nem se aguentarão no final deste mês.

Assim, além de olharem às verbas que hão de chegar gradualmente ao longo dos próximos anos, que exigirão "um novo modelo de desenvolvimento económico da Região", a ACIF pede medidas urgentes para suster muitas empresas vivas e com trabalhadores empregados. As ideias foram apresentadas na passada segunda-feira numa reunião com o Governo Regional, tendo sido proposto e aceite a criação de um grupo de trabalho de acompanhamento e acerto de medidas, inclusive pela necessidade de "uma rigorosa análise de custo-benefício dos projectos antes de serem lançados", afirmou Veiga França.

Das propostas da ACIF, pretendem reduzir 94 milhões de euros do programa da habitação social, mantendo o mesmo número de fogos previstos pelo Governo,  redução de 46 milhões de euros do programa de residência para seniores, redução de 50 milhões de euros do programa de transição digital no eixo da Administração Pública, além de redução de 19 milhões no plano de reforço hídrico para regadio e menos 21 milhões na potenciação da electricidade renovável. No total, passariam a custar 206 milhões e não 436 milhões.

Em contraponto, com esta poupança de 230 milhões, a maior associação empresarial da Madeira propôs um fundo de apoio à capitalização de empresas de 100 milhões de euros, 20 milhões para a formação e (re)qualificação das empresas, 20 milhões  para requalificação do produto turístico, nomeadamente em infra-estruturas da natureza, 5 milhões para modernizar e integrar a produção ao consumo local de produtos alimentares, 30 milhões para melhoria de programas de acessibilidade, entre os quais 5 milhões para melhorar a operacionalidade do Aeroporto da Madeira e 5 milhões para torar o Aeroporto do Porto Santo na verdadeira alternativa ao primeiro e 20 milhões para financiar um novo navio, mais rápido, mais eficiente e sustentável para a ligação inter-ilhas, acrescentando-se outros 20 milhões para investimento em descarbonização energética das empresas e 10 milhões para promover a mobilidade sustentável, em particular dos turistas que nos venham a visitar. Outras duas propostas de 15 milhões para apoiar a aceleração de empresas 4.0 e, por fim, 10 milhões para promover a dinamização do 'Madeira Digital Innovation Hub.