Mundo

EUA ameaçam com novas sanções se Cuba usar violência contra manifestantes

Foto: EPA/Ernesto Mastrascusa
Foto: EPA/Ernesto Mastrascusa

A administração norte-americana exortou na sexta-feira o governo cubano a permitir a marcha cívica, e outros protestos, agendados para 15 de novembro e a evitar o uso de violência, ameaçando com novas sanções caso haja repressão sobre os manifestantes.

A subsecretária do gabinete para os assuntos do hemisfério ocidental, Emily Mendrala, referiu, em conferência de imprensa telefónica, que o governo liderado por Joe Biden está a "monitorizar ativamente" a situação política em Cuba e pronto para reagir.

"Estamos atentos e novamente a postos para identificar e responsabilizar aqueles que violam os direitos humanos, caso seja necessário", garantiu Emily Mendrala, citada pela agência EFE, que repetiu até por três vezes estas declarações.

A responsável lembrou ainda as sanções aplicadas pelos Estados Unidos após a repressão aos protestos de 11 de julho, os maiores registados em várias décadas.

Emily Mendrala salientou também que a administração de Joe Biden exortou o regime cubano a "permitir os protestos" marcados para 15 de novembro, que não foram autorizados pelas autoridades da ilha.

E apelou ao Governo cubano para este "não usar a violência" contra aqueles que participam nos diversos atos para exigir uma mudança no país.

Mendrala destacou que o apoio ao povo cubano é "uma das principais prioridades" de Washington, do presidente Joe Biden e da vice-presidente Kamala Harris, lembrando as "ações concretas de apoio" nos últimos meses.

A subsecretária garantiu também que "estes esforços" continuarão no futuro e vão-se estender por múltiplas esferas.

Entre outros, referiu a exportação de "ajuda humanitária" para a ilha, a melhoria do acesso à Internet, a facilitação de remessas e a "prestação de contas" perante as autoridades cubanas.

Emily Mendrala rejeitou ainda as acusações de destabilização e ingerência lançadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros de Cuba, Bruno Rodríguez.

"É uma tentativa de desviar a atenção do que vai acontecer na segunda-feira, numa altura em que o povo cubano quer ir protestar pacificamente e fazer ouvir a sua voz em questões como os direitos humanos, liberdades fundamentais e necessidades básicas", vincou.

O coordenador da Assembleia da Resistência Cubana, Orlando Gutiérrez, destacou na sexta-feira que a marcha cívica e os protestos agendados para Cuba e outros locais do mundo são "um momento chave" para alcançar a democracia e justiça" na ilha.

O exilado e líder da oposição falou em solo norte-americano através de uma mensagem de vídeo e convocou todos os cubanos dentro e fora da ilha para se unirem aos protestos "como uma nação" para restaurar "a liberdade de ser um povo próspero e feliz".

"Nunca estivemos tão próximos da liberdade" como agora com as manifestações e marchas cívicas marcadas para 15 de novembro em Cuba e, neste contexto, os próximos dias serão "vitais, fundamentais", salientou.

Orlando Gutiérrez elogiou também todos os cubanos na ilha que aceitaram o risco de "renunciar" a organizações oficiais que "não representam os cubanos" como o Partido Comunista ou a União de Jovens Comunistas.

São organizações que fazem parte da "estratégia maquiavélica do regime para o povo reprimir o povo", acrescentou o ativista.

O Governo cubano rejeitou o pedido para a marcha cívica de 15 de novembro, considerando que esta se trata de "uma provocação" dentro de uma estratégia de "mudança de regime" para Cuba "impulsionada por outros países".

As manifestações surgem no seguimento das ocorridas em 11 de julho, altura em que eclodiram protestos antigovernamentais de grandes dimensões em Cuba.

Estas manifestações resultaram numa morte, dezenas de feridos e a detenção de 1.175 pessoas, das quais 612 ainda estão presas, segundo a Organização Não-Governamental de direitos humanos Cubalex.