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Londres e Bruxelas intensificam conversações sobre Irlanda do Norte para evitar guerra comercial

Foto: EPA/Virginia Mayo
Foto: EPA/Virginia Mayo

O Reino Unido e a União Europeia decidiram hoje "intensificar" as conversações para superar divergências sobre as disposições pós-'Brexit' relativas à Irlanda do Norte, que levantam receios de uma guerra comercial entre Londres e os 27.

Numa reunião com o vice-presidente da Comissão Europeia para as Relações Institucionais, Maros Sefcovic, em Londres, o secretário de Estado britânico para o 'Brexit', David Frost, "sublinhou a importância de dar nova energia e impulso às conversações", revelou o governo britânico em comunicado.

As negociações serão retomadas na próxima semana em Bruxelas, para discutir, em particular, questões alfandegárias e comércio de medicamentos, disse a mesma fonte.

O vice-presidente da Comissão Europeia instou o governo britânico a facilitar "progressos sérios ao longo da próxima semana" na negociação do controverso protocolo para a Irlanda do Norte.

O Reino Unido "deve fazer reciprocamente movimentos feitos pela União Europeia", que propôs reduzir em 80% os controlos alfandegários previstos na região britânica, disse Sefcovic em declarações à imprensa em Londres.

O Protocolo da Irlanda do Norte, acordado pelo Reino Unido e pela UE como parte das negociações do 'Brexit' em 2019, foi desenhado para evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda, respeitando o compromisso de "fronteira aberta" previsto nos acordos de paz de 1998. 

No entanto, criou a uma fronteira económica no mar da Irlanda porque a Irlanda do Norte continua a seguir as regras comerciais da UE. 

O Governo britânico argumenta que a UE está a adotar uma abordagem excessivamente legalista do Acordo e que já é possível observar consequências, como a redução do comércio interno com a Grã-Bretanha e de disponibilidade de artigos britânicos na província.

A UE tem argumentado que a nova burocracia é o resultado do Acordo assinado pelo Governo liderado por Boris Johnson há menos de dois anos e que só entrou em vigor em janeiro.

Bruxelas defende a implementação do Protocolo e sugeriu ao Reino Unido o alinhamento com as regras fitossanitárias de segurança alimentar europeias, o que eliminaria 80% dos controlos alfandegários no Mar da Irlanda. 

Londres recusa porque, alega, essa solução desrespeita a soberania do Reino Unido, defendendo, por sua vez, um sistema de equivalência em que ambas as partes concordem em reconhecer as normas uma da outra sem necessidade de alinhamento.

Londres exige uma renegociação profunda do Protocolo da Irlanda do Norte concluído no âmbito do 'Brexit' e Bruxelas recusa, propondo ajustamentos.