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Biden devia abdicar de controlo exclusivo da "mala nuclear"

Ex-secretário da Defesa fez o pedido numa posição que diz visa acabar com um modelo perigoso e ultrapassado

Foto Shutterstock
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Um ex-secretário de Estado da Defesa norte-americano apelou hoje ao Presidente eleito dos Estados Unidos que abdique do controlo exclusivo dos mecanismos de lançamento de mísseis nucleares, considerando que é um sistema perigoso e ultrapassado.

Num artigo publicado hoje no 'site' Politico, William Perry, que foi o equivalente a ministro da Defesa do ex-Presidente Bill Clinton, assinala que o Presidente cessante, Donald Trump, cujos apoiantes invadiram violentamente na quarta-feira o edifício onde se reunia o Congresso, "ainda tem o dedo no botão nuclear".

"É tempo de reformar a 'bola de futebol nuclear' [nome dado à mala que contem os códigos para acionar o arsenal de armas nucleares norte-americano e que acompanha os presidentes para onde vão] para este e para todos os presidentes futuros" porque "não é necessária e a sua existência representa um perigo para a segurança nacional", defendeu.

William Perry assinalou que quando toma posse, qualquer Presidente norte-americano "obtém o direito absoluto de lançar uma guerra nuclear, sem precisar de uma segunda opinião, sem que o secretário da Defesa tenha uma palavra a dizer e sem que o Congresso desempenhe qualquer papel".

"Porque é que corremos esse risco? Achamos verdadeiramente que um Presidente deve ter o poder divino de destruir instantaneamente o planeta?", questiona Perry, considerando que o sistema atual é "antidemocrático, ultrapassado, inútil e extremamente perigoso".

O ex-secretário da Defesa apela a Biden para que anuncie, a partir da sua tomada de posse, que vai "partilhar o direito de utilizar armas nucleares com um grupo restrito de responsáveis eleitos".

"No dia 20 de janeiro [dia para o qual está marcada a tomada de posse de Biden], se tudo correr bem, o país e mundo poderão suspirar de alívio. Quando prestar juramento, a 'mala nuclear' será sua. Caber-lhe-á então livrar-se dela e garantir que a máquina de matar mais poderosa que já existiu não está nas mãos apenas de uma pessoa, um ser humano falível", defende William Perry no seu artigo.

Apoiantes de Donald Trump entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.

Pelo menos cinco pessoas morreram, entre as quais quatro manifestantes e um polícia.

A sessão no Capitólio viria a ser retomada e acabou por confirmar a contagem dos votos eleitorais, oficializando a vitória de Joe Biden, já na madrugada de quinta-feira.

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