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Assalto ao Capitólio é aviso para o Brasil, diz Governador de São Paulo

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O governador de São Paulo, João Doria, disse hoje que o assalto ao Capitólio por apoiantes do Presidente norte-americano cessante, Donald Trump, serve de "aviso" para o Brasil, cujo líder, Jair Bolsonaro, se absteve de condenar os acontecimentos.

Doria, o principal rival político de Bolsonaro no campo conservador, disse que as "cenas de vandalismo e de extrema barbárie" vividas na véspera em Washington são uma "afronta à democracia".

"Isto é um aviso para o Brasil, onde a minoria que 'flirta' com o autoritarismo e o fanatismo tenta enfraquecer as instituições e ameaçar o Estado de direito", disse Doria através das redes sociais.

As declarações do governador de São Paulo registaram-se após o Presidente Bolsonaro ter evitado criticar o violento ataque ao Capitólio e reiterado os seus laços estreitos com Donald Trump.

"Eu acompanhei-o em tudo. Sabe que estou perto de Trump, sabe qual é a minha resposta agora. Muitas acusações de fraude", disse o líder da extrema-direita brasileira, um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória de Biden nas eleições presidenciais, a um grupo de apoiantes.

Os acontecimentos de quarta-feira nos Estados Unidos foram condenados pela maioria dos líderes de todo o mundo, que apelaram à calma e a uma transição ordeira de poder nos Estados Unidos.

No Brasil, várias autoridades também expressaram a sua rejeição do ataque ao Capitólio, incluindo os presidentes da Câmara Alta, Davi Alcolumbre, e da Câmara Baixa, Rodrigo Maia, bem como o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"A invasão do Capitólio revela com crueza o que acontece quando se tenta substituir a política e o respeito pelo voto por mentiras e ódio, mesmo num país que gosta de se apresentar como o campeão da democracia", disse Lula da Silva nas redes sociais.

Tal como Doria, o ex-Presidente disse que o que aconteceu nos Estados Unidos é um aviso "sobre o que pode acontecer ainda pior aqui se o autoritarismo de Bolsonaro e das suas milícias não for contido, e se as violações da liberdade e dos direitos continuarem a ser toleradas".

Apoiantes do Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, entraram em confronto com as autoridades e invadiram o Capitólio, em Washington, na quarta-feira, enquanto os membros do congresso estavam reunidos para formalizar a vitória do Presidente eleito, Joe Biden, nas eleições de novembro.

Pelo menos quatro pessoas morreram na invasão do Capitólio, anunciou a polícia, que deu conta de que tanto as forças de segurança, como os apoiantes de Trump utilizaram substâncias químicas durante a ocupação do edifício.

Já hoje, o Congresso dos Estados Unidos ratificou a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro, na última etapa antes de ser empossado em 20 de janeiro.

O vice-Presidente republicano, Mike Pence, validou o voto de 306 grandes eleitores a favor do democrata contra 232 para o Presidente cessante, Donald Trump, no final de uma sessão das duas câmaras, marcada pela invasão de apoiantes de Trump.

A sessão de ratificação dos votos das eleições presidenciais dos EUA foi interrompida na quarta-feira, mas quatro horas depois as autoridades declararam que o edifício do Capitólio estava em segurança.

O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os violentos protestos foram "um ataque sem precedentes à democracia" do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.

Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem "para casa pacificamente", mas repetindo a mensagem de que as eleições presidenciais foram fraudulentas.

O primeiro-ministro, António Costa, e o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, condenaram os incidentes, tal como a União Europeia, a NATO e governos de vários países.

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