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Madeira

Pico do Areeiro-Pico Ruivo reabre em Abril e será o mais caro dos percursos

Governo inicia em Janeiro novo modelo. Haverá seis parques especiais nas zonas mais procuradas

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Foto DR

A carga nos percursos pedestres recomendados da Madeira será estipulado de acordo com cada realidade, vai abranger os 42 que fazem parte da lista oficial e que a partir de Janeiro devem ser realizados mediante um registo prévio e por número de vagas, de 30 em 30 minutos, que serão disponibilizadas ao longo do dia para que não haja sobrecarga. A partir de 1 de Janeiro todos passam a ser pagos, excepto para os residentes inscritos no portal  Simplifica. Os valores ainda estão a ser ultimados para publicação em breve. Em Abril reabre o percurso Pico do Areeiro-Pico Ruivo, será o mais caro do conjunto, anunciou o secretário regional do Turismo, Ambiente e Cultura. Outra novidade é a criação no próximo ano de seis zonas especiais associadas aos lugares mais procurados.

Eduardo Jesus garante que por dia em nenhum dos percursos há sobrecarga, na base dos cálculos para a carga a permitir em cada trilho está um estudo realizado pelo Observatório de Turismo da Universidade da Madeira, um trabalho que ajuda nesta fase, em que se impõe, sublinhou o secretário, “uma gestão diferente” do espaço natural. “Calculada a carga, comparamos com a presença das pessoas no espaço físico, e chegámos a uma primeira conclusão: nenhum dos percursos que nós dispomos tem sobrecarga. Ou seja, por dia, em nenhuma circunstância estamos a verificar mais pessoas do que a carga que está definida para esse percurso. Acontece que faltava distribuir essa carga ao longo das horas, desde o nascer-do-sol até ao pôr-do-sol”.

Apesar de dizer que os números diários não vão além do recomendado, admite que concentração em alguns momentos do dia não era benéfica para a experiência, para o território e para a sustentabilidade e por isso impõe-se fazer diferente. A obrigatoriedade de um registo prévio e pagamento reorganiza a visita, permite outro conforto e segurança e um controlo sobre a utilização do espaço que é diferenciado, sublinha o governante.

Eduardo Jesus revelou que as novas medidas foram tomadas consultando a Universidade da Madeira e o seu Observatório do Turismo e auscultando o sector, através da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF). Fala de uma solução construída que passa pela necessidade de “adaptação” de alguns comportamentos e rotinas. “Estou convencido que, com esta focagem que existe hoje em dia, do conhecimento, do saber, da investigação, da necessidade do sector, nós estamos bem orientados”, afirmou, destacando a importância do trabalho de levantamento das opiniões e reacções junto de quem visita a Madeira e do trabalho realizado ao nível da investigação e da ciência.

Criação de parques individualizados

A utilização pagante dos percursos com base em vagas é o princípio de um processo mais abrangente, anunciou o titular da pasta, revelando que em relação aos locais de maior procura - Pico do Areeiro, Ribeiro Frio, Queimadas, Ponta de São Lourenço, Fanal e Rabaçal - serão criadas medidas concretas e indicado o que lá pode ser realizado e aproveitado em termos de actividades. “Estamos a tratar como parques individualizados, com gestão própria, com controle próprio das suas entradas, com os devidos estacionamentos, com a gestão da carga ao dia”. Será tudo otimizando com o Simplifica, que está a ser actualizado, bem como com a uma aplicação para telemóveis que está a ser desenvolvida e com o sítio do Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, que está a ser alterado, acrescentou “Em várias frentes estamos a actuar para que não só a gestão do território, a experiência e o acesso à informação sejam uma realidade completamente diferente”.

O estacionamento associado também será reorganizado numa segunda fase de actuação, “é fundamental retirar do sítio onde as pessoas visitam a carga automóvel”, defendeu, explicando que será mobilizado para uma zona mais afastada, estando a ser equacionadas as soluções de ligação.

O Governo está neste momento focado na capacidade de carga, nessa gestão e simplifica. No próximo ano investirá no aperfeiçoamento dessa lógica dos parques. Está neste momento a reforçar as equipas por forma de responder aos novos desafios. Numa primeira fase, disse, quem chegar aos percursos sem uma reserva, encontrará um funcionário e um terminal para pagamento, se ainda houver disponibilidade em termos de utilizadores para essa hora poderá fazer a caminhada. Admite a necessidade de um período de transição, tendo em conta que é “uma mudança significativa”.

Além do controlo de entradas, haverá também fiscalização ao longo do percurso e multas pra quem não cumprir.

Prioridade para operadores

Eduardo Jesus admite beneficiar os grupos, um dos grandes objectivos é retirar o excesso de carros. Diz que há que distinguir duas realidades: aquelas em que duas pessoas levam um carro, daquelas em que um carro leva 20 pessoas. ”É importante que os operadores económicos, com protocolo celebrado com o IFCN, que transportam mais pessoas num único veículo, possam ter algum acesso diferenciado daqueles que vão em carro individual”. O secretário assegura: “Não é o excesso de pessoas, é o excesso de carros que têm complicado a mobilidade das pessoas”.

O novo modelo traz alterações, nomeadamente nos horários, mudanças que serão feitas em acordo com a capacidade de adaptação do próprio sector. A avaliação será permanente, assim como o acompanhamento e eventualmente alterações para ajustar às dificuldades que, diz, vão surgir.

Sobre os valores a praticar nos percursos, bem como sobre a verba que o Governo espera angariar com este novo modelo, o secretário é reservado, diz que não pode ainda avançar, em relação ao custo dos acessos, porque ainda não está fechada a portaria, em relação à receita, porque ainda não tem números. Garante que será para investir nesta área. Segundo o responsável, estão a decorrer dois processos de recrutamento para reforço das equipas e se for necessário serão subcontratados meios. “É exclusivamente para a actividade que ali se está a cobrar. Ou seja, manutenção, conservação, preservação e melhoria do acesso na informação, na reserva, na compra, na gestão dos slots, na gestão das entradas, nesse mundo de situações”, declarou.

Segundo o levantamento realizado no terreno, sãos menos de 2% os residentes que fazem os percursos recomendados

Trabalho no terreno para definir números

A capacidade de carga é aferida com base no Sistema Integrado de Gestão de Percursos e Actividades e de acordo com vários indicadores. Depende das características do percurso, da meteorologia, do estado de conservação e do tempo de permanência, por exemplo, são 15 factores de correcção ao todo que depois têm impacto nessa gestão do número de pessoas a usar em determinado período o percruso.. Usando como exemplo a Vereda do Areeiro, no trabalho realizado pelo Observador, trazido por Élvio Camacho, tinha capacidade de carga de 1.322 visitantes ao longo do dia, 171 em simultâneo, ajustado com factor de correcção 1, e uma hora e 40 minutos para fazer o percurso. o factor de correcção é para ser revisto de 3 em 3 meses.

Foi em 2017 que a equipa do Observatório realizou o Projecto Turismo: caracterização, impacto e sustentabilidade do Turismo da Madeira; em 2021 fez um outro trabalho sobre a capacidade de carga na Laurissilva e no ano passado o diagnóstico, em termos de carga, cobertura de rede e infra-estruturas, socorro e fiscalização. Em 2025 foram criadas quatro linhas de investigação sobre a capacidade de carga, produto, monitorização, e alerta e segurança. Este ano e no próximo a equipa está e vai continuar a trabalhar no projecto-piloto de monitorização, definição de indicadores de monitorização da capacidade de carga, estudos de aptidão física e perfil do turista que percorre os percursos.