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Caracas diz que ajudas da União Europeia não chegam aos venezuelanos

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Foto Shutterstock

O Governo venezuelano questionou hoje a decisão da União Europeia (UE) de mobilizar 14,5 milhões de euros para ajuda humanitária à Venezuela, referindo-se ao apoio anunciado como "outra operação de corrupção disfarçada de solidariedade".

Num comunicado divulgado na plataforma Telegram e dirigido "aos contribuintes europeus", Caracas afirma que "nem um euro" dessa ajuda chegará ao povo venezuelano, e que a verba "acaba nos bolsos de intermediários e supostas ONG [organizações não-governamentais]".

"Enquanto Bruxelas impõe cortes, exige ajustes e limita os orçamentos de saúde, habitação e emprego nos seus próprios Estados-Membros, anuncia com orgulho novos milhões para ajuda humanitária" à Venezuela. Mas a verdade é simples: nem um euro desses fundos chega ao nosso povo", lê-se no comunicado divulgado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano.

Na mesma plataforma, o ministro Yván Gil explica que "a UE não desenvolve nem regista nenhum projeto humanitário na Venezuela" e que "todo esse dinheiro acaba nos bolsos de intermediários e supostas ONG que fizeram do financiamento internacional um negócio".

"Como ministro dos Negócios Estrangeiros da República Bolivariana da Venezuela, posso afirmar com clareza: esses 14,5 milhões de euros não chegarão à Venezuela. Serão, como os 149 milhões anteriores, mais uma operação de corrupção disfarçada de solidariedade. Chega de corrupção e falsos pretextos da União Europeia! A Venezuela merece respeito!", conclui.

A União Europeia anunciou hoje ter mobilizado 21,5 milhões de euros em nova ajuda humanitária face ao agravamento das crises na Venezuela e no Haiti e em resposta às "consequências devastadoras" do furacão Melissa.

De acordo com o executivo comunitário, "o financiamento ajudará os parceiros humanitários a fornecer assistência essencial, como alimentos, cuidados de saúde, proteção e ajuda de emergência às pessoas mais necessitadas".

A verba divide-se em 14,5 milhões de euros destinados a enfrentar as consequências da crise venezuelana, incluindo o impacto nos países vizinhos, como a Colômbia, com foco na proteção, nos cuidados de saúde e na nutrição.

Acrescem cinco milhões de euros em resposta de emergência ao furacão Melissa na Jamaica, Cuba e Haiti.

Os dois milhões de euros restantes visam apoiar as pessoas afetadas pela crise no Haiti, onde os níveis de violência dos gangues colocam comunidades em risco e forçam deslocações.

A verba europeia hoje anunciada soma-se aos 149 milhões de euros já atribuídos pela UE este ano à América Latina e Caraíbas.