A importância das nossas raízes
Levamos uma vida inteira a correr de um lado para o outro, sempre em busca de qualquer coisa. A partir do momento em que saímos de casa dos nossos pais e seguimos por esse mundo fora, desenfreados e pressionados pelas necessidades que a própria sociedade cria em nós. Os carros, as casas, a roupa, os acessórios ou gadgets, tudo serve para querermos mais, mais e mais. Alimentados pelo que é momentâneo que na verdade tem pouco valor simbólico e que é de conteúdo vazio ou residual. Parece por vezes que nos refugiamos no que é mais material para nos esquecermos das nossas frustrações, do vazio das relações, dos insucessos ou das saudades que podemos ter de alguém. Fugimos recorrentemente do impacto do que nos toca mais por dentro, com receio de enfrentarmos o mais profundo do nosso ser. Talvez com medo de encontrarmos respostas que não queríamos ou só porque não gostamos muito de mexer no passado, no que ficou para trás e em algum momento nos magoou e deixou marcas.
Isso faz com que muitas vezes nos sintamos perdidos, meio que apátridas, longe do que foi o nosso começo do que nos faz recordar a magia da nossa infância em que o tempo parecia não passar e em que tudo era mais leve e simples. Carregamos o fardo de pessoas que já não vemos, de outras que já cá nem estão para nos afagar a alma e dos que se afastaram por razões que até a própria razão desconhece. Isso faz-me sempre pensar na importância das nossas raízes e da forma como podemos ajudar a regar tudo o que ela significa para nós. Porque não existe topo sem a base, é também mais difícil que exista crescimento, profissional ou emocional, sem esse porto seguro. Procuro sempre, por isso mesmo, encontrar dentro de mim as minhas raízes, aquilo que me foi incutido quando era mais novo mas também os hábitos e formatos que me trazem de volta esse cheiro a casa dos meus pais e dos meus avós.
Preservar esse nosso legado histórico, os modos de fazer as coisas, o espírito entre as pessoas, os métodos que usávamos para cozinhar e as receitas maravilhosas das nossas mães. Tudo aquilo que nos inspira a parar no tempo e a pensar que por vezes dava vontade de puxar a cassete atrás para reviver certas coisas. Mas a vida não anda para trás e o tempo não pára. O que não quer dizer que não possamos levar a nossa cultura e as tradições dentro de nós. Elas acabam por se refletir de uma forma ou de outra em cada gesto e em cada passo.
Mesmo quando olhamos em frente e só vemos futuro temos sempre em nós esta construção do que nos trouxe até aqui. Até podemos não vê-la nem lhe dar valor mas ela está lá e acompanha-nos para onde for. É super importante conseguirmos absorver o nosso passado, o que nos trouxe até aqui e de uma forma ou de outra nos fez. Assim tal e qual. Não nos esquecermos das nossas raízes é por isso não só necessário como parte do que levamos para o que aí vem mas também para o que damos e nos damos aos outros. São elas parte da nossa essência, do nosso ser e da nossa personalidade. Dar-lhe valor é essencial para que possamos ser mais inteiros e assim também mais genuínos.
Frases soltas:
O que se tem passado no Rio de Janeiro é um bom aviso para o que se começa a ver em Portugal. Deixar a proliferação de gangues e mafias sem que se atue na altura certa é metermo-nos a jeito e um autêntico barril de pólvora. Já não é novidade para ninguém que estes grupos se vão instalando no nosso país. Todo o cuidado é pouco…
A guerra esquerda direita teve novo epílogo agora com a famigerada saída de cena de Miguel Prata Roque (PS) no debate com Rodrigo Taxa (Chega). Uma cena deprimente entre acusações que por vezes passam todos os limites.