Missa, praia e bilhardice

Uma terra afortunada pela natureza e o seu clima que nem chega a 1000 km quadrados, mas infelizmente onde o silêncio já é ouro…

O Sol que nasce a um novo dia e observa-nos como bonequinhos com as nossas questiúnculas interpessoais.

Às 8 da manhã começam as batucadas, caterpillars e gruas.

Às 9 com as “chefinhas” descarregando as suas frustrações (com salários públicos principescos em terra pobre), as hienas, as “burracratas” de escritório, ambas há mais de 20 ou 30 anos a intoxicar pessoas. Mandá-las para França!...

As 10.30 os indígenas sentam-se num café concordam com um amigo num determinado tema. Amanhã outro café com outro amigo já com outra opinião contrária à que disseram ontem sobre esse mesmo tema…

Dizem que não são bilhardeiros, mas alguém conhece um madeirense que não é bilhardeiro!? Uma comunidade pequena concentrada, a própria exiguidade territorial, a sua orografia proporciona a isso. De há uns anos para cá surgiu o auxiliar “bilhardómetro” digital – Facebook!

A querer sempre se meter na cabeça dos outros. Sempre pensando no que os outros pensam.

Exibicionismos bacocos materialistas com relógios, carros e afins.

O parecer antes do ser… Em vez de, primeiro ser, depois fazer e depois ter!

“Ele tem um BM”. Não sabem dizer W? Ou então, o “vilHão” com H grande (!) com a ruidosa moto para compensar outras descompensações. Os turistas “adoram” estes barulhos…

O servilismo bacoco aos novos-burguesinhos da aldeia. Não interessa como ele conseguiu essa “fortuninha”, se de forma honesta ou não…

Os alpinistas sociais que agora olham os outros de soslaio, não conseguindo esconder os seus complexos invejosos de infância/adolescência. É melhor dedicarem-se ao alpinismo no Pico Ruivo!

Gente presa nos seus macaquinhos na cabeça. Como um macaco a saltar dentro duma jaula pequena. Gente pequenina, muito pequenina, às vezes de 1.90m ou mais…

Os que pensam que vão viver imortalmente… Que legado vão deixar?...

“Ars longa, vita brevis” (Hipócrates). Os artistas apercebem-se disso e deixam um legado.

A vida é uma pequeníssima fracção entre o cosmos tempo-espaço. O tabu da morte. Sem procurar um sentido para a sua vida…

Depois do trabalho, a missa obrigatória das 8h! No plasma grande a cores, com notícias de 3 minutos dualistas, redutoras e maniqueístas num mundo cada vez mais a preto e branco (sem ver as escalas de cinza, como na fotografia).

Fim-de-semana? “Pá praia!”. Nadar com coliformes, jogar às cartas, bilhardar e comentar os corpos dos outros!...

Vivem amordaçados com o medo da mudança, medo do desconhecido, medo do futuro.

Levam os partidos como um clube de futebol, política deve ser - servir o bem público!

Escravos da fábrica da formatação. O masoquismo mitológico. Reféns de dogmas por milhares de anos. Milhares de horas vividas, sem questionar a ontologia de tudo. Mitologias…

O geocentrismo. Pensam que o mundo acaba nas desertas. Às vezes nem conseguem visualizar para além disso! Falta de livros e mundividência.

Penso, logo existo…Quem se preocupa com a sua terra, quer o melhor para a mesma. Ser Ilhéu não é fácil, madeirense ainda mais. Temos o apego à terra mas irritamo-nos com as nossas “coisas”.

Sem julgamentos morais, umas meras observações. Mais um como todos, cheio de defeitos como qualquer outro madeirense.

Rodrigo Costa