Desenvolvimento Cultural na Madeira - Rumo a uma Abordagem Inovadora e Inclusiva

50 anos depois da revolução de Abril muito ainda existe por fazer na cultura em Portugal e sobretudo na Região Autónoma da Madeira. Temos de ter sempre presente que a cultura é a essência de uma sociedade vibrante e dinâmica, refletindo a criatividade e a identidade dos seus cidadãos. Na Madeira, terra de rica herança histórica e cultural, surge a necessidade de uma abordagem renovada, inovadora e inclusiva, que promova a participação ativa de todos os agentes culturais e assegure o acesso equitativo à cultura para todos os cidadãos. Só assim poderemos garantir um futuro culturalmente rico e vibrante capaz de dinamizar a vida de um povo.

É fundamental reconhecer a importância da participação ativa de todos os agentes culturais e do público em geral. A cultura não deve ser um privilégio de alguns, mas sim um direito de todos. Torna-se imperativo que as políticas culturais tenham como objetivo central o estímulo à criatividade individual e coletiva, proporcionando espaços de livre expressão e enriquecimento cultural para toda a comunidade.

Nada disto se faz sem financiamento. No que diz respeito ao financiamento cultural, é crucial estabelecer parcerias sólidas entre o setor público e privado. O Estado deve desempenhar um papel de apoio e incentivo, através de pequenos subsídios e incentivos fiscais, enquanto o setor privado pode contribuir de forma significativa para o desenvolvimento cultural da região. No entanto, é essencial que a gestão dos recursos públicos seja transparente e pautada por critérios claros de distribuição de fundos, garantindo assim uma aplicação eficaz e equitativa dos recursos.

No que concerne aos museus, estes devem evoluir para se tornarem verdadeiros centros de conhecimento e interação. Modernização é a palavra-chave neste contexto, pois os museus precisam de se reinventar como espaços atrativos e acessíveis à comunidade, oferecendo experiências interativas que estimulem o interesse e a participação do público.

Além disso, é fundamental valorizar e proteger o vasto património histórico e cultural da Madeira. A restauração de propriedades históricas deve ser encarada como um investimento no futuro da região, sendo essencial estabelecer parcerias público-privadas que garantam a utilização adequada destes espaços, potenciando o seu valor cultural e turístico.

No âmbito institucional, urge a criação do Instituto da Cultura da Madeira, uma entidade ágil e eficiente que possa coordenar e promover iniciativas culturais de forma mais eficaz. Este Instituto deve trabalhar em estreita colaboração com o setor privado e a sociedade civil, promovendo uma cultura de colaboração e coesão na promoção do desenvolvimento cultural da região.

É fundamental promover políticas que incentivem a produção cultural local e garantam o acesso equitativo à cultura para todos os cidadãos. Incentivos fiscais para mecenas privados, subsídios baseados em objetivos claros e a criação de uma “Bolsa Cultura” são algumas das medidas que podem contribuir para o florescimento da cena cultural madeirense.

Por Último, é importante destacar o potencial da cultura como um veículo de promoção internacional da Madeira. Ao valorizarmos e divulgarmos a riqueza cultural da região além-fronteiras, estamos não só a enriquecer o nosso património cultural, mas também a promover o desenvolvimento económico e social da região.

José Augusto de Sousa Martins