JPP acha “compreensível” manifestação a favor do teleférico mas diz ter provas de “negociata pouco clara”
O líder parlamentar do JPP, Élvio Sousa, afirmou, esta tarde, que “é compreensível a legitimidade de haver vontades a favor e contra o projecto” do teleférico no Curral das Freiras, no que, ao que tudo indica, é uma reacção à manifestação realizada hoje na freguesia, em defesa daquele investimento. No entanto, o representante partidário mantém a sua oposição ao projecto, pelo facto do mesmo configurar uma “alegada negociata envolvendo testas de ferro, investimentos pouco claros, sociedades com rasto oculto, o envolvimento directo e carregado da Quinta Vigia, entre outros aspectos” que neste momento não poderá mencionar.
Élvio Sousa garante que “o negócio do teleférico do Curral vai dar que falar”, pois “quase todas as semanas” recebe “elementos que mostram a tentativa de mostrar a viabilidade de um projecto com contornos pouco claros, um negócio ruinoso para as finanças da Região e que a investigação irá apurar”. O deputado adianta que vai “apresentar todas as provas às entidades que investigam a natureza ofusca desse negócio”.
Para já, o representante do JPP recordou algumas das informações que recolheu até agora e que foram tornadas públicas, apesar dos respectivos estudos terem sido “escondidos deliberadamente” pelo Governo Regional. Assim, disse que dos previstos 5,1 milhões de receita ao ano, não constam os proveitos da restauração e do parque aventura. A proposta apresentada pela empresa ‘Inspire Capital Atlantic’ [desde Janeiro, designa-se ‘Madeira Skypark Adventure’) revela que a construção das acessibilidades e dos parques de estacionamento que vão servir o teleférico serão pagos pela autarquia de Câmara de Lobos e pelo Governo. “Esta situação vem contradizer a versão governamental de que o investimento seria única e exclusivamente privado, sem recurso a investimento público. Faltando quantificar o valor das expropriações dos terrenos”, observa Élvio Sousa.
O JPP descreve que também conseguiu apurar que o estudo de viabilidade económica pago pelo Instituto de Florestas (que não dispõe do parecer da Câmara de Lobos) “mostra que a empresa pagará, apenas 2 mil euros de renda, 24 mil euros ao ano, mas que vai facturar 5,1 milhões ao ano”. Esse mesmo documento diz que o retorno do investimento será atingido em 18 anos, mas a concessão será feita a 60 anos, o que, na óptica de Élvio Sousa, adensa “a natureza ruinosa do projecto” e penaliza as finanças públicas.