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Crónicas

É preciso votar

Não podemos andar a criticar tudo e todos e depois não assumirmos as nossas posições nas urnas

Campanha terminada e depois de passado o tal dia da reflexão (até sabe bem um dia de descanso das cornetas, buzinas, tambores e programas de televisão sobre a matéria), é hora de ir votar. É uma responsabilidade nossa, de cada um e é algo que não devemos colocar nas mãos dos outros, mesmo que nos possamos sentir revoltados com o sistema. Sou contra a obrigatoriedade disto ou daquilo e de restrições que limitem a liberdade das pessoas mas acho que escolher quem vai liderar os destinos do nosso país é uma escolha muito séria e que deve ser bem ponderada mediante as políticas ou propostas que cada um apresenta. Se somos chamados a intervir devemos fazê-lo não falhando com a nossa ida às urnas ainda para mais agora que é possível fazê-lo antecipadamente ou seja temos duas datas para votar.

É preciso claramente, fazer com que o ato seja mais prático e simples, torná-lo mais leve e cómodo para retirar as previsíveis desculpas de quem arranja tudo e mais um par de botas para não o exercer. Provavelmente caminhando para o voto electrónico, quem sabe se sem a necessidade da presença física da pessoa. Sei os perigos que uma decisão dessas acarreta nomeadamente na adulteração dos resultados ou na máxima “uma pessoa, um voto”, uma vez que permitiria que alguém “ajudasse” aqueles que têm menos capacidade ou autonomia. Mas a realidade é que com o desenvolvimento dos sistemas e com uma vida cada vez mais diversificada e multipolar, seria uma grande ajuda se pudéssemos votar mesmo estando em viagem ou em qualquer parte do país e do mundo. Acho também que se deviam evitar grandes eventos ou coisas que possam chocar com a disponibilidade para o efeito. Por exemplo este domingo joga o Benfica e o Sporting e isso obriga quem vem de fora ver o jogo, a ter que alterar ainda mais as suas dinâmicas.

Voltando à necessidade de respeitarmos o nosso direito ao voto, acho que não podemos andar a criticar tudo e todos e depois não assumirmos as nossas posições nas urnas. Se temos a possibilidade de escolher devemos fazê-lo nem que para isso se vote em branco ainda que o branco por cá valha de pouco, devia ser contabilizado porque é um sinal de descontentamento e de protesto contra todas as propostas. Eu por exemplo nas eleições para o meu clube de futebol já votei mais vezes em branco do que em candidatos, porque não via ninguém com capacidade para liderar o mesmo. Não deixei de me deslocar ao estádio, de ficar na fila e de apresentar o sinal de que não gostava de nenhum deles e que por isso estava a legitimar o aparecimento, no futuro, de novos candidatos. O que não podemos fazer é  pura e simplesmente  marimbar-mo-nos com a desculpa de que os políticos são todos iguais e de que um voto não vai mudar nada porque se todos pensarmos assim, sobram poucos a decidir o que é do interesse de todos.

É bom que nos consciencializemos de que se queremos de alguma forma que os nossos direitos sejam respeitados e que os nossos valores e práticas estejam representados, temos que nos envolver, fazer parte do processo e no mínimo votar no que acreditamos e no fim cobrar a quem prometeu as promessas não cumpridas. Não é se afastando do processo que as coisas vão melhorar, devemos estar todos mais atentos e vigilantes, chamando à responsabilidade quem ganhar. Afinal de contas é o futuro de todos nós que está em causa.