Governo de gestão

Deve ser caso único no Mundo, haver um pedido de dissolução de um Parlamento e convocação de eleições “a prazo”. Mas em Portugal, somos muito originais. Com uma Assembleia Legislativa, eleita há apenas 4 meses, querer eleições, a todo custo, porque um Presidente do Governo é arguido, roça o oportunismo nunca visto. Teríamos uma maioria e um Governo a fritar em lume brando, com as consequências políticas e eleitorais previsíveis e favorecendo as oposições, o que não deixa de ser antidemocrático. Ao contrário de António Costa, que usou o pretexto da suspeita judicial para se demitir e entrar em campanha eleitoral a favor do PS, com visitas e inaugurações, e só depois entrou em gestão, Miguel Albuquerque está obviamente inibido de o fazer e o PSD precisa de tempo para se refazer e encontrar uma nova liderança. São duas realidades políticas distintas. Manter este Governo Regional em gestão até a realização de eleições em Junho, com um Presidente diminuído politicamente, é inadmissível e só pode ter o objectivo de abrir caminho a uma viragem da Madeira para a esquerda, com a inevitável instabilidade. Daí que a melhor solução para todos seja a indigitação de um novo Presidente, a consequente formação de um novo Governo e a aprovação de um orçamento. Depois, logo se verá como vão as coisas no final de Março quando o Presidente da República reassume o poder de dissolução do Parlamento. Aí o Chefe de estado fará, como lhe compete, a devida avaliação.

Ricardo Silva