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ONU lamenta lançamento de bombas sobre campos de deslocados no leste da RDCongo

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O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) lamentou o lançamento de bombas sobre vários campos de deslocados no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), onde dezenas de milhares de pessoas se refugiam de combates.

"A situação é trágica e inaceitável. Apelamos urgentemente a todas as partes para que protejam os civis, respeitem o direito humanitário e estabeleçam corredores seguros para a ajuda humanitária", afirmou, em comunicado, o coordenador regional do ACNUR na RDCongo, Chansa Kapaya.

"A utilização crescente de artilharia pesada e de bombardeamentos nos combates em torno da cidade de Goma representa uma séria ameaça para as populações civis e deslocadas", lê-se no comunicado.

O ACNUR declarou estar "profundamente alarmado" com o lançamento de bombas nos campos de deslocados internos de Zaina, na cidade de Sake, e de Lushagala, em Goma, onde estão alojadas cerca de 65.000 pessoas.

De acordo com a agência das Nações Unidas, pelo menos 15 civis foram mortos e 29 ficaram feridos este mês nos arredores de Goma e Sake.

Além disso, o alastramento dos combates está a impedir que os trabalhadores humanitários prestem assistência às 800.000 pessoas deslocadas na zona onde o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) e o exército estão a combater.

O M23 reativou os combates a 01 de outubro de 2023, após meses de relativa calma.

Desde então, avançou em várias frentes até chegar a 20 quilómetros de Goma, cidade que o movimento ocupou durante dez dias em 2012, antes de se retirar sob pressão da comunidade internacional.

Os rebeldes tomaram o controlo das principais estradas que ligam o resto do país a esta capital provincial estratégica, onde vivem mais de um milhão de pessoas e onde estão sediadas numerosas organizações não-governamentais (ONG) internacionais e instituições da ONU.

Os combates provocaram também sérias tensões entre a RDCongo e o Ruanda devido à alegada colaboração de Kigali com o grupo rebelde, uma alegação que as autoridades ruandesas sempre negaram, embora tenha sido confirmada pela ONU.

O Ruanda e o M23 acusam o exército congolês de colaborar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994, e com outros ruandeses (hutus) exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país. Esta colaboração foi igualmente confirmada pela ONU.

Desde 1998, o leste da RDCongo, país que faz fronteira com Angola, está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz da ONU no país (Monusco).