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Madeira

Melhor economia não significa menos pobreza

Convicção de João César das Neves, professor universitário e economista

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Foto Aspress

Melhor economia pode ser sinónimo de mais pobres. A convicção é de João César das Neves, o professor universitário e economista que foi orador convidado para a palestra de abertura do III Congresso Causa Social, que decorre hoje e amanhã no auditório da Segurança Social.

À margem da palestra ‘Desafios da Economia Social’, João César das Neves perspectivou que vamos continuar a ter mais pobres no futuro à medida que a economia também melhora.

“É isso que vai acontecer. São pobres diferentes daqueles que eram, é um outro tipo de pobreza, não é o mesmo tipo de pobreza, não é o velho tipo de pobreza, é um novo tipo de pobreza, mas de facto é capaz de virmos a ter mais novas qualidades que vão estar desenquadradas”, admitiu.

Esclarece que “a velha pobreza que é um problema de subdesenvolvimento, um problema de isolamento, um problema de afastamento, aquilo que dizia que há muito na Madeira está a desaparecer a pouco e pouco porque os meios estão a começar a orientar para aí. Mas aparecem novos problemas que muitas vezes têm a ver até com problemas da própria personalidade, quer dizer, problemas da droga, problemas de divórcio, problemas de desemprego, coisas destas”, apontou.

Questionado sobre o problema do risco de pobreza na Região, o Professor universitário e economista conclui que “não são só problemas da Madeira ou do continente, são problemas gerais da Europa e até dos Estados Unidos. É curioso que nós olhamos para os nossos problemas e depois vamos ouvir falar o que se fala nos países desenvolvidos e são os mesmos. Que é bom, estamos agora a ter os mesmos problemas, que não são fáceis, são complicados, mas agora são os mesmos. Antigamente nós tínhamos aqueles problemas que mais ninguém tinha, agora temos o problema que toda a gente tem e isso é bom, mas são difíceis e de facto desafiam muito na realidade na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Canadá, que têm também problemas desses, os sem-abrigo, o aumento da pobreza, todas essas questões estão um bocadinho a transformar-se, que é um novo tipo de questão social. Quer dizer, esta economia está sempre em turbulência e isso gera problemas relativamente novos”.