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Que não seja apenas um mês de comemorações

É necessário adotar estilos de vida saudável, combater a hipertensão arterial, o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo

É recorrente as celebrações evocativas ao longo de cada ano. Que as sucessivas datas não sejam apenas mais um dia do calendário num mês particularmente rico em comemorações, na saúde o mês de maio e conhecido como o mês do coração, para os católicos é o mês mariano dedicada a maria, em maio celebra-se ainda o Dia Internacional da Parteira, o Dia da Mãe, o Dia da Liberdade de Imprensa e o Dia Internacional do Enfermeiro.

O mês do coração assim designado pela Fundação Portuguesa de Cardiologia tem por objetivo sensibilizar e chamar a atenção da população para a necessidade de cada pessoa combater os fatores de risco das doenças cárdio e cerebrovasculares. Estas são uma das principais causas de morbilidade e mortalidade em Portugal e no Mundo, pelo que é necessário adotar estilos de vida saudável, combater a hipertensão arterial, o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo assente numa alimentação variada e equilibrada.

O quinto mês do ano começa logo pelo dia do trabalhador, num tempo ainda marcado pelo período pandémico que a todos afetou de uma forma ou de outra, perante os novos paradigmas da ciência, da digitalização e da inteligência artificial, onde a velocidade da informação e dos acontecimentos não param de suceder, num período em que se perspetivam profundas alterações no mundo do trabalho, é sempre oportuno lembrar os acontecimentos que originaram e marcaram indelevelmente o primeiro de maio.

Até ao século dezanove não havia direitos, a servidão era a regra que o mais forte utilizava para reprimir os que para ele trabalhavam; foi neste enraizado e generalizado contexto que meio milhar de trabalhadores em Chicago ousou manifestar-se para exigir melhores condições de trabalho e a redução da jornada diária de trabalho das dezassete para as oito horas. O processo não foi pacifico, os confrontos com as autoridades resultaram em prisões e mortes de muitos trabalhadores, o movimento então iniciado não mais parou estendendo-se a todo o País e a vários países do mundo originando sempre prisões e mortes. A memória e a solidariedade no movimento sindical encontram as suas raízes nestes acontecimentos, ainda hoje é fundamental continuar a intervir e a lutar por melhores condições laborais, pela valorização, dignificação e centralidade do trabalho.

Todo o processo envolvente na recente eleição e tomada de posse dos órgãos sociais do Sindicato dos Enfermeiros da RAM, reforça esta necessidade de continuar a combater as inúmeras injustiças que persistem com os enfermeiros; os números sistematicamente anunciados sobre os encargos com o descongelamento das carreiras de enfermagem, pecam por uma visão redutora que não repõem a crónica injustiça no seu desenvolvimento profissional; não é aceitável apagar da memória o impacto e os constrangimentos do ano pandémico de 2022, comparando-o a 2019. Esta desvalorização do papel desempenhado pelos enfermeiros nas várias frentes ocorre só para recusar atribuir excecionalmente três pontos no âmbito da Avaliação do Desempenho conforme consensualizado.