Mais uma Primavera

O céu estava azul, o calor do sol nos convidava ao abandono das aconchegadoras roupas invernais, passando ao uso das primaveris vestimentas, mais leves e mais coloridas, como também, mais colorida se tornava a própria Natureza.

Era a primavera a chegar. Não precisei ver o calendário.

Tudo isto e, mais o soar dos hinos matinais, que a passarada nos oferecia, juntamente com a sua tarefa na construção dos seus próprios ninhos, dava para acreditar, que a primavera estava à porta.

Ela nasce a cada ano que passa e, quando vai, não volta mais, porque a próxima que há de vir, será outra nova primavera, com outra data de nascimento, outras flores a decora-la, enfim, outras características a definirão.

Portanto, não será a mesma primavera.

Os homens, esses sim, poderão ser os mesmos; a primavera não.

Ou pior ainda; poderão ser outros homens, mas, as mesmas ideologias. Ideologias essas, algumas delas, pouco sensíveis à dor alheia, que não sentem a paz do cantar de um pássaro dentro de si, que ignoram a difícil construção de um ninho, não só aquele ninho que constrói o pássaro, mas aquele ninho, que o próprio homem constrói e que, tal qual, como o vento, quando arrebata o galho que suporta esse refugiu, que arduamente o pássaro construiu, destruindo-o de imediato, o próprio homem ao abrigo de tais ideologias mortíferas, também destrói o ninho do seu semelhante, mata, aterroriza e muito mais.

Estou a falar do horror das guerras…

A Natureza é tão bela, porque não preservar essa beleza, enquanto o mundo for mundo, para que vivamos numa eterna primavera.

Falta o bom senso, aos intitulados “donos do mundo” que governam e desgovernam à rédea solta.

Bastava que, esses “iluminados cérebros” tivessem alguma sensibilidade pela dor alheia, o mundo seria muito melhor.

Que bom seria se, se calassem as armas no mundo e, que toda a gente pudesse ouvir o cantar dos pássaros sem quaisquer perturbações e que, o clarão das explosões, fosse substituído pelo clarão do arrebol, da tarde e da manhã, que em vez de misseis, fossem apenas, coloridos arco-íris a cruzar o espaço, como arcos de aliança a unir os países em confronto. Fossem as andorinhas com seus voos primaveris, as substitutas dos bombardeiros que matam e destroem.

Tudo isto é possível…

Basta o homem querer!

É possível, de entre as cinzas da terra queimada, desabrocharem rosas brancas a perfumarem o ambiente, em vez do horroroso cheiro da pólvora. É possível um céu limpo em todo o mundo, sem as manchas do fumo da guerra e ao mesmo tempo voarem pombas brancas, debaixo desse mesmo céu, com múltiplas mensagens de paz, fazendo seus poisos sobre os verdes ramos das oliveiras, oliveiras essas, também saídas das mesmas cinzas.

Sim, tudo isto é possível!

Porque afinal, somos todos irmãos.

Mas é preciso, que o homem assim o entenda.

José Miguel Alves