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A geografia das ilhas

Desde sempre que as nossas ilhas tiveram problemas nos acessos e também foram sempre fustigadas pelas menores ou maiores alterações climáticas, resultantes da sua vulnerabilidade geográfica e territorial. As ilhas, por definição, têm água á sua volta e assim, quando acontecem “agressões” climáticas, sofrem os efeitos dos ventos e das chuvas ou até das neves e também as alterações marítimas ou oceânicas nas zonas costeiras. Daí a importância primordial dos seus acessos, ... afinal, nem mais nem menos do que as pequenas portas de entrada e de saída do seu limitado território.

Quantas vezes nos recordamos dos cancelamentos, sejam de voos nos aeroportos do nosso arquipélago ou de viagens marítimas entre ilhas, á custa das variadíssimas alterações climáticas anuais!

Como bem sabemos, nas ilhas, temos somente os acessos aéreo e marítimo, ... daí a importância em preservar e aprimorar esses meios de continuidade exterior! Existe alguém que ponha em causa a necessidade de um bom porto marítimo, ... pelo menos um, ... com todos os requisitos, com dimensão adequada ao desenvolvimento regional, permitindo uma maior e mais natural expansão económica? Ou a exigência de um aeroporto, ... pelo menos um também, ... com uma funcionalidade proporcional e uma arquitetura moderna e enquadrada para uma recepção acertada dos seus utilizadores?

Temos três portos no nosso arquipélago: dois pequenos, com pouco tráfego ou tráfego limitado e um porto principal na capital. Que tal aumentar as capacidades do nosso porto principal, melhorar a sua funcionalidade e os seus acessos, com a lógica perfeita de que temos limitações nos acessos marítimos? Estas ilhas atlânticas só poderão pensar no seu desenvolvimento, apoiadas numa capacidade equilibrada dos seus acessos, ... prevendo todos os cenários climatéricos, os normais ou os extremos!

Em relação aos nossos dois aeroportos, devemos pensar de uma forma semelhante, ... porque quando foram construídos, foi escolhida uma arquitetura talvez antiquada, pouco funcional, sem “mangas”, sem capacidade de crescimento ou de restruturações. Acham que a funcionalidade deste aeroporto está adaptada ao volume do seu tráfego e tem qualidade para os seus frequentadores?

Aproveito também para falar um pouco da política portuguesa a propósito dos aeroportos … quando o nosso aeroporto da capital do país, ... está “fora de prazo” há 40 anos, “buscando” continuadamente um local ideal para a construção duma nova estrutura aeroportuária, ... que já foi proposta no Pinhal Novo, na Ota, no Montijo, em Alcochete, e recentemente em Santarém! Imaginem a quantidade de “Comissões de Trabalho” constituídas para realizar os estudos da localização e afins, do novo aeroporto de Lisboa, … com os imensos colóquios, estudos ambientais e de impacto territorial, visitas de estudo, reuniões, relatórios preliminares, material fotográfico, decisões intercalares, decisões parciais, ... muito dinheiro gasto para suportar essas imensas despesas e depois não chegar a conclusão alguma! Quarenta anos de “conversa fiada” por causa da escolha de um local para o aeroporto, ... sem esquecer, que a gestão aeroportuária, a gestão da TAP e a gestão da ANA … não são lideradas por portugueses, … talvez não exista no país, ninguém capaz de o fazer!

A propósito dos aeroportos e da nossa transportadora aérea, nacional, de bandeira, protegida até ao fim do mundo, ... diga-se, ... já teve os seus tempos áureos, mas depois foi “degolada” pelas evoluções, da aeronáutica civil, da gestão económica e dos transportes aéreos, sempre com o beneplácito da política vigente ... agora muito isolada e decadente, necessitando de “cuidados intensivos” para não morrer! Não temos em Portugal, técnicos e conhecimentos suficientes para pôr a funcionar serviços de qualidade nos transportes aéreos? Que no fundo não são mais do que um serviço de transporte em “autocarros voadores” entre países e demais territórios ... muitos deles onde residem portugueses, que são mais de 2,5 milhões? E, no seguimento, ainda não repararam nas leis aplicadas ao funcionamento dos aeroportos, no que respeita á aviação civil, as quais são do tempo da “pedra lascada”, ... são de há mais de 50 anos quando as aeronaves ainda funcionavam com motores a hélice? Com a evolução tecnológica neste imenso espaço temporal, o que se pode concluir? Que responsabilidade tem esta “gentinha” que manda nestas áreas, dependentes de governos, governos sucessivos que não verificam a funcionalidade do país, nestas matérias?

Se não é possível resolver os assuntos prementes deste país, …demitam-se!! Artigo redigido em Janeiro de 2023 !

P.S. de Última Hora: O Governo de A.C. só agora reconheceu os imensos “predadores” … fugidos dum qualquer Jardim Zoológico, ... instalados na administração da TAP? E ainda aqui vamos ...!!