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Guterres pede a cientistas "factos concretos" para que haja medidas dos governos

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Foto EPA

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu esta segunda-feira aos cientistas "factos frios e concretos" que levem os governos dos países a adotarem políticas que reduzam os efeitos das alterações climáticas.

"Mostrem a necessidade urgente de acabar com o aquecimento global com factos frios e concretos", afirmou António Guterres, numa mensagem vídeo, dirigindo-se aos delegados da reunião do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas (IPCC, na sigla em inglês) que começou ontem na Suíça.

Guterres sublinhou que o relatório-síntese que está a ser finalizado deve dar aos governos uma "orientação científica sólida, franca e detalhada" para que possam "tomar decisões corretas para as pessoas e o planeta" quando se reunirem na conferência da ONU sobre o clima do Dubai, no final deste ano.

Da reunião do IPCC, que decorre até sexta-feira na localidade turística de Interlaken, sairá um relatório (o último de sete relatórios) que consolidará conclusões anteriores e definirá a ação climática até 2030.

Segundo o ex-primeiro-ministro português, o mundo "está numa encruzilhada" e a chegar a "um ponto sem retorno", o de "ultrapassar o limite acordado internacionalmente" em 2015, em Paris, de "1,5 graus Celsius de aquecimento global".

Guterres enfatizou que acelerar o fim dos combustíveis fósseis, que contribuem para o aquecimento global, é "difícil, mas essencial".

Embora citando relatórios do IPCC que apontam para alguns impactos inevitáveis do aquecimento global, o secretário-geral da ONU considerou que "é possível limitar" o aumento da temperatura no planeta a 1,5ºC com "reduções rápidas e profundas de emissões em todos os setores da economia global".

Alguns cientistas têm sustentado, no entanto, que o limite de 1,5ºC no aquecimento global será quase impossível de manter à taxa atual com que os gases com efeito de estufa são lançados para a atmosfera. Atualmente, o mundo está quase a atingir um aumento de temperatura de 1,2ºC.

O relatório-síntese do IPCC incluirá as conclusões dos seis relatórios publicados desde 2015, nomeadamente sobre o impacto das alterações climáticas nos ecossistemas e na biodiversidade, a sua mitigação e as principais fontes de emissão de gases com efeito de estufa.

A divulgação do relatório é esperada na próxima segunda-feira.

A localidade onde se realiza a reunião do Painel fica a poucos quilómetros do glaciar Aletsch, o maior da Europa Ocidental, mas que está a diminuir devido ao aquecimento global.