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PAN considera que programa precisa de "muitas voltas" e espera por Orçamento de Estado

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A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu hoje que o programa do Governo "precisa de muitas voltas" se é para ser aplicado nesta legislatura, esperando que a "primeira grande volta" chegue na proposta do Orçamento do Estado.

"Este programa precisa de muitas voltas. Esperemos que a primeira grande volta chegue desde já na proposta de Orçamento de Estado", afirmou Inês de Sousa Real na sessão de encerramento do debate sobre o programa do XXIII Governo Constitucional, que arrancou na quinta-feira e termina hoje, na Assembleia da República.

A porta-voz do PAN elencou várias dúvidas relativas ao documento do executivo, começando por interrogar-se se os portugueses estarão conscientes de que o Governo "só quer acabar com a pobreza energética em 2050", ou que o "mar passou a estar sob a tutela de um ministro da Economia que diz que ainda tem de conhecer o oceano".

"Será que os portugueses perceberam que o aumento que vão ter nos seus salários não cobrirá, nem de perto nem de longe, o aumento brutal do preço dos bens essenciais, onde se inclui o pão?", continuou.

Entre as críticas endereçadas ao programa do Governo, Sousa Real acusou o executivo de não ser "capaz de se comprometer" para mitigar o impacto da inflação, limitando-se a reduzir o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP), além de não fixar "critérios ambientais" e manter as "borlas fiscais para as grandes poluidoras".

Acusando ainda o executivo de não ter "uma única medida de proteção animal", a porta-voz do PAN considerou que "entre a proposta de Orçamento do Estado de novembro e a campanha eleitoral, ficaram pelo caminho os hospitais públicos veterinários" e estão a ser dadas "borlas fiscais incompreensíveis aos toureiros e dinheiros públicos para o baronato da caça".

"Com este programa, em 4 anos e 6 meses, os jovens também não conseguir ter emprego estável, comprar casa própria, constituir uma família. Tudo isso é uma miragem. As mulheres vão ter de continuar a enfrentar o muro da desigualdade, com salários mais baixos que os homens, com acesso vedado a cargos de topo e a ter de calar perante os comportamentos de assédio", acrescentou.

A porta-voz do PAN sublinhou ainda que um "Governo de maioria absoluta não terá qualquer desculpa para não dar as respostas de que o país precisa", estando unicamente "dependente da sua própria vontade política".

"Estamos longe de conseguir mitigar os efeitos das alterações climáticas, longe de erradicar a pobreza, as barracas e de ter um país que seja para os jovens, para os maiores, inclusive também para os animais, que seja para todas e todos!", afirmou.

Inês de Sousa Real afirmou ainda que vai votar contra a moção de rejeição do programa do Governo apresentada pelo Chega, considerando que "as soluções que o país precisa não passam por 'show-offs' populistas e não encontram resposta em forças antidemocráticas e que não respeitam a igualdade plena entre todos, sem exceção".

"Da parte do PAN, o país sabe também com o que conta: uma agenda verde, ambientalista, progressistas, feminista, animalista e fortemente comprometida com os direitos humanos. Uma voz dialogante, sem deixar de ser oposição", frisou.