Resgate do 'pequenino soldado' Rayan

O mediatismo do resgate do menino Rayan deveu-se à complexidade do acesso ao local, riscos para a criança e para as equipas de socorro. No entanto poderiam ser biliões de dólares envolvidos, que salvar a vida de uma criança que seja, transcende anos luz esses valores. Se é possível; vale sempre a pena!

- Faz-me confusão como mentalidades mesquinhas criticam o mediatismo e o investimento envolvido nesta operação. Dinheiro, dinheiro, dinheiro, sempre preocupados com o dinheiro. "Prioridades", como se estivéssemos a separar maçãs sãs das podres. Se existem mais crianças no mundo que precisam de ajuda?

- Claro que sim!

Será que pelo facto de todos os dias morrerem crianças por falta de ajuda humanitária, não podemos ajudar o menino que caiu aqui ao lado por causa do alto grau de investimento no resgate?

Vejamos exemplos dos meninos que ficaram presos numa gruta na Ásia, os mineiros que ficaram presos durante dias na América latina, parte do sucesso foi devido ao mediatismo, fazendo com que instituições de outros países contribuíssem com ajudas.

Temos duas partes distintas de involvência no mundo no que respeita a lidar com os direitos das crianças:

A primeira é, quando se trata de poder financeiro a nível global, ninguém quer saber dos danos colaterais que envolve as crianças numa guerra.

A outra, (o lado bom e ao mesmo tempo hipócrita) a de o mundo se unir por uma ajuda ou causa que envolva determinadas crianças. Nesta última se não houver mediatismo, chutamos para ao lado e vamos cinicamente para a igreja rezar pelas criancinhas que estão a morrer por esse mundo fora.

De forma metafórica, coloco aqui a história de um filme clássico baseado numa história real (coincidentemente a semelhança do nome) O resgate do Soldado Ryan.

"Ao desembarcar na Normandia, no dia 6 de junho de 1944, o Capitão Miller recebe a missão de comandar um grupo do Segundo Batalhão para o resgate do soldado James Ryan, o caçula de quatro irmãos, dentre os quais três morreram em combate. Por ordens do chefe George C. Marshall, eles precisam procurar o soldado e garantir o seu retorno, com vida, para casa". Na história do resgate, morrem diversos elementos na odisseia da busca.

No fim tiramos as nossas próprias conclusões. Valeria a pena o esforço envolvido no resgate do soldado? O exército norte americano tinha uma política, que quando morressem numa guerra um certo número de irmãos em combate de uma determinada família, este último não deveria servir mais na frente de combate.

Era na ótica "um dever moral para a mãe que viu seus filhos partirem para servir a pátria".

Toni Silva