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Hospitais de Hong Kong atingem 90% da capacidade com infecções a aumentar

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FOTO EPA/MIGUEL CANDELA

Os hospitais de Hong Kong atingiram hoje 90% da capacidade e as instalações de quarentena estão no limite, revelaram as autoridades, que lidam com um número recorde de casos de covid-19.

Para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde da cidade, as autoridades indicaram que iam adotar uma abordagem diferente das políticas de hospitalização e isolamento e permitir que alguns pacientes tivessem alta mais cedo.

A mudança surge depois de relatos de pacientes a serem tratados em camas no exterior de um hospital no bairro da classe trabalhadora da cidade de Sham Shui Po.

Hong Kong relatou hoje 6.116 novos casos de covid-19, sendo que qualquer pessoa infetada na cidade deve ser internada num hospital ou admitida numa instalação de isolamento comunitário, à semelhança da política de "tolerância zero" da China.

De acordo com a nova abordagem, os contagiados que apresentem sintomas ligeiros nos hospitais e instalações geridas pelo governo serão autorizados a sair após sete dias se apresentarem um teste negativo no último dia e não partilharem casa com pessoas de grupos de risco, tal como idosos, mulheres grávidas ou pessoas imunodeprimidas.

Os que não preencherem estes critérios devem completar o período total de isolamento de 14 dias ou esperar até que apresentem um teste negativo, segundo os funcionários de saúde.

As autoridades comunicaram ainda 24 mortes durante a última semana.

"Nos últimos dias, houve muitos casos de emergência em que tivemos de acomodar doentes em tendas", disse Chuang Shuk-kwan, a chefe da Secção de Doenças Transmissíveis de Hong Kong, durante uma conferência de imprensa.

"Com estas situações, o nosso pessoal médico está muito descontente. Estamos preocupados com os cuidados dos nossos pacientes", apontou.

A Autoridade Hospitalar da cidade apelou à assistência dos profissionais de saúde, pedindo aos médicos dos hospitais privados para ajudarem a tratar dos pacientes nas instalações de quarentena.

Os hospitais públicos estão numa "situação de crise", segundo Sara Ho, da Autoridade Hospitalar.

"Se um grande número de pacientes está à espera ao ar livre e se isto continuar, por muito que os nossos médicos trabalhem 24 horas por dia, não há maneira de resolver este problema contando com os nossos esforços", prosseguiu.

As autoridades apelaram também às pessoas que se abstenham de sair ou participar em reuniões privadas, dizendo que todos os esforços ajudam à medida que a cidade procura aliviar a pressão nos hospitais.

O Presidente chinês, Xi Jinping, ordenou o governo central a fornecer recursos a Hong Kong para estabilizar o surto, incluindo testes rápidos de antigénios, conhecimentos médicos e mantimentos.

A China tem evitado grandes surtos do vírus através da sua política rigorosa de "tolerância zero", que envolve a quarentena de viajantes, confinamentos totais, rastreio extenso de contatos e testes em massa a milhões de pessoas.

A líder de Hong Kong, Carrie Lam, manteve a mesma estratégia apesar da maior densidade populacional da cidade, rendimentos mais elevados e a economia, que está mais virada para os serviços do que a China continental.

Na semana passada, todo o bairro na baía Discovery foi ordenado a fazer testes depois de as autoridades terem encontrado vestígios do vírus nos esgotos.