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Venezuela terá 12% de crescimento este ano, o maior da região

Foto Shutterstock
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A Comissão Económica para a América Latina (CEPAL) atualizou as previsões económicas para a região, elevando de 10% para 12% as previsões de crescimento da Venezuela até finais de 2022, mas prevendo uma desaceleração para 5% em 2023.

Os dados da CEPAL dão conta que a Venezuela será o país da América do Sul com maior crescimento ao longo deste ano, seguindo-se a Colômbia (5,5% em 2022 e 1,9% em 2023), o Uruguai (5,1% e 3,0% respetivamente), a Argentina (3,9% e 1,0%), a Bolívia (3,5% e 3,0%) e o Brasil (2,6% e 1,0%).

O crescimento económico da região, em 2022, "deverá ser de 3,2%, superior ao indicado em agosto passado (2,7%), mas para o próximo se prevê que o abrandamento se acentue na América Latina e Caraíbas, com um crescimento de 1,4% em 2023, numa situação sujeita a importantes restrições tanto externas como domésticas", explica a CEPAL em um comunicado.

Segundo a CEPAL "o conflito entre a Rússia e a Ucrânia afetou negativamente o crescimento global -- e com ele a procura externa enfrentada pela região este ano -- bem como acentuou as pressões inflacionistas, a volatilidade e os custos financeiros".

"O aumento da aversão ao risco, juntamente com uma política monetária mais restritiva por parte dos principais bancos centrais mundiais, prejudicou os fluxos de capital para os mercados emergentes, incluindo a América Latina, levou a depreciações das moedas locais e tornou mais difícil para os países da região a obtenção de financiamento".

O documento explica que em 2023 "em 2023, os países da região enfrentarão novamente um contexto internacional desfavorável, esperando-se que uma desaceleração tanto do crescimento como o comércio global, taxas de juro mais altas e menor liquidez global".

"A nível interno, os países da região enfrentarão novamente um complexo entorno de política fiscal e monetária em 2023. Do lado monetário, o aumento da inflação levou os bancos centrais (...) a aumentar as taxas políticas, em alguns casos de maneira substancial, e a reduzir o crescimento dos agregados monetários", afirma.

Segundo a CEPAL "enquanto se espera que este processo chegue ao fim em 2023, à medida que as expectativas de inflação dos países se estabilizem, os efeitos desta política restritiva no consumo e no investimento privado estarão presentes" ao longo do ano.

Por outro lado, do ponto de vista fiscal, "os níveis da dívida pública permanecerão elevados num grande número de países", em um "contexto de elevada procura de despesas públicas" sendo necessário "medidas para reforçar a sustentabilidade fiscal e expandir o espaço fiscal através do reforço das receitas públicas".

"Espera-se que todas as sub-regiões tenham um crescimento mais baixo no próximo ano (...) A América do Sul crescerá 1,2% em 2023 (3,4% em 2022), o grupo da América Central e México crescerá 1,7% (2,5% em 2022) e as Caraíbas crescerão 3,1%, excluindo a Guiana (4,3% em 2022)", explica.

Na América do Sul, alguns países estão a ser particularmente afetados pelo "baixo dinamismo da China, que é um mercado importante para as suas exportações de mercadorias", entre eles "o Chile, Brasil, Peru e Uruguai, que enviam mais de 30% das suas exportações de mercadorias para a China (40% para o Chile)".

"A América do Sul também será afetada pela queda dos preços dos produtos básicos e pelas restrições ao espaço que as políticas públicas têm para apoiar a atividade. A alta inflação tem impactado os rendimentos reais e os efeitos no consumo privado já se observam em alguns países desde o segundo semestre deste ano", afirma a CEPAL.

Para as economias da América Central e do México, sob o dinamismo dos Estados Unidos, principal parceiro comercial e principal fonte de remessas para os seus países, tanto o setor externo como o consumo privado vão se ver afetados.

"Neste caso, porém, os preços mais baixos dos bens básicos atuariam a seu favor, uma vez que vários deles são importadores netos de alimentos e energia. Finalmente, nas economias das Caraíbas, a inflação tem impactado não só os rendimentos reais e, consequentemente, no consumo, mas também nos custos de produção, com um impacto negativo na competitividade das exportações tanto de bens como do turismo", concluiu.