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Desvalorização do Património Cultural

Já repararam que são poucos os jovens que visitam museus e monumentos? Contudo, não são apenas jovens. No geral, não encontramos muitos portugueses nestes locais.

Apenas turistas estrangeiros. É o que reparo quando frequento museus e monumentos. Este ano, tive a oportunidade de visitar uma série de locais culturais, tendo aprendido imenso. Os custos para visitar e conhecer estes locais, para aprendermos e conhecermos mais sobre a nossa História e património, para a nossa cultura pessoal, são irrisórios (diria que são quase gratuitos) …

Todos os bens materiais e imateriais que constituem o património cultural, quer sejam do passado ou presente, quer sejam estilos de vida ou até manifestações culturais que fazem parte da sociedade e que estabelecem entre si uma conexão temporal nas sociedades, contribuem para a construção e, acima de tudo, para o fortalecimento da memória e identidade de um povo.

É triste, confesso, ver essa realidade… uma vez que temos um país culturalmente riquíssimo, com um vasto património e com uma História significativa. Não nos esqueçamos que Portugal foi a primeira nação da Europa, contando com mais de 900 anos. Claro está que não ponho de parte uma boa ida a uma praia, ou passar o dia com os mais chegados, mas não podemos esquecer que existe uma quantidade de museus, mosteiros, monumentos e afins que merecem a nossa atenção. Outrora, estes locais foram palco de algo importante e grandioso.

Devemos ser gratos por, hoje em dia, termos a possibilidade de aceder a tais locais históricos.

Sabem qual é a melhor forma de valorizar o património? A resposta é simples. É usá-lo.

Desfrutar dele. Aprender com ele.

É certo que não se valorizar o património desta forma, o que vamos assistir é a uma degradação terrível dele. Tomo como exemplo, o Mosteiro de Tibães, um mosteiro benedito que se situa em Braga. Este mosteiro é um local perfeito para passar um dia em família ou até mesmo em amigos e ficar a conhecer um pouco mais da História do nosso querido Portugal.

Sabiam que os mosteiros funcionavam como meios dinamizadores da sociedade, onde as comunidades monacais ensinavam técnicas agrícolas e outros ofícios? O conhecimento e o contributo dos frades foi importante para a expansão cultural e aumento da riqueza pública.

Ora, este mosteiro foi um desses, sendo até a casa-mãe da congregação de São Bento (monge italiano, iniciador da ordem Benedita. Escreveu a regra de São Bento, este livro citava os princípios e formas de vida religiosas, inclusive as instruções para a construção de mosteiros.).

Como disse atrás, este local é perfeito para se passar uma tarde agradável, percorrendo os corredores e tentando imaginar como seria a vida dos frades beneditos, apreciar a sua arquitetura, que a meu ver é lindíssima, apreciar as suas ruínas, a mata, os seus jardins, os campos agrícolas. Contudo, é um local que não é muito frequentado, o que resulta na sua degradação. O que acontece com este, acontece com muitos outros pelo país fora.

Com isto quero dizer que, o principal objetivo da preservação do património resulta na melhoria de vida da sociedade, o que implica o bem-estar material e espiritual na construção, da memória e cidadania. O património cultural pertence à comunidade que produziu os bens culturais. E se a sociedade souber dar valor ao património, está a dar um grande passo na valorização e proteção do mesmo. O património cultural foi deixado ao acaso e desvalorizado em muitos locais do país, perdendo-se assim a identidade do local e o valor cultural do monumento, mosteiro ou museu, o que leva ao esquecimento da própria História.

É importante ter consciência que, se não valorizarmos a nossa cultura, as nossas tradições, a nossa História, perderemos a nossa identidade, os nossos valores, o nosso “tipicamente português”, como se começa a presenciar em grandes cidades, como Lisboa e Porto.

Nós usamos o nosso património e a nossa História, de forma a Melhorar a sociedade portuguesa. Por isso, se puderem, saiam de casa com a vossa família ou amigos e passem um dia agradável num museu ou monumento. É conhecimento e aprendizagens que adquirem. Vamos lá dar asas a esta alfabetização cultural que nos permite conhecer e compreender a nossa História, e não perder o que nos faz ser português.