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Tradições 'Pintar e Cantar dos Reis' são património cultural imaterial

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As tradições do "Pintar e Cantar dos Reis" passaram a integrar o inventário do património cultural imaterial, segundo o anúncio publicado hoje em Diário da República.

"Foi decidido inscrever o 'Pintar e Cantar dos Reis' no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial", refere a Direcção-Geral do Património Cultural no anúncio.

Para esta entidade, "a inscrição do 'Pintar e Cantar dos Reis' no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial reflecte os critérios relativos à importância da manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade em que esta tradição se originou e se pratica, traduzida em práticas transmitidas intergeracionalmente, com recurso privilegiado à oralidade e à observação e participação directa".

A candidatura foi apresentada em 2016 pela Câmara Municipal de Alenquer, o concelho do país onde essas tradições têm maior expressão e ainda subsistem, mas estão em risco por existirem menos grupos de pessoas aderentes.

Na noite de 05 para 06 de Janeiro, cantam-se os reis de porta em alguns locais do país. Contudo, em algumas terras do concelho de Alenquer, são também pintados nas paredes das casas símbolos e desejos de felicidades para o ano que começa.

Os 'reiseiros', nome pelo qual são apelidados todos aqueles que fazem cumprir o ritual, dividem-se em dois grupos: o primeiro dos quais segue munido de lanternas, pincéis e tintas e marca o trajecto com pinturas, a vermelho e azul, de corações e vasos floridos, estrelas, símbolos de profissões - como uma balança ou um martelo - ou da sigla B.R., que quer dizer "Bons Reis".

O segundo grupo, após o apontador cantar a solo, entoa melodias e deixa votos de felicidades para o Ano Novo.

De acordo com o município, a tradição mantém-se viva em zonas como Catém, Casal Monteiro, Ota, Abrigada, Olhalvo, Pocariça, Mata e Penafirme, Cabanas de Torres e Paúla, cobrindo cerca de um terço da área deste concelho do distrito de Lisboa.

Há ainda memória de se terem pintado e cantado os Reis em Meca, Espiçandeira, Canados, Bogarréus, Fiandal, Bairro, Estribeiro, Valverde, Calçada, Pereiro, Aldeia Gavinha e Penedos.

As tradições remontam às celebrações da Epifania do Oriente que chegaram à Europa no século IV e sofrem modificações dando origem a outro tipo de manifestações.

Na Península Ibérica, o Dia de Reis começa a ser celebrado devido à chegada dos frades franciscanos e dominicanos ao território, sendo primeiro acolhidas no século XIII em Alenquer, no distrito de Lisboa.