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Relação de pais e filhos entre os animais *

A fêmea do orangotango é das que trata as crias por mais tempo, cuida do filho até aos oito anos

É curioso ver-se como no reino animal existem pais cuidadores, mas há outros negligentes e casos de violência entre os membros da família. Eis alguns exemplos:

Apoio de ambos os pais

Nalgumas espécies de aves ambos os pais incubam os ovos e cuidam das crias, como a águia, o flamingo, o falcão, a avestruz e os pombos bravos. Noutros, enquanto a fêmea incuba os ovos, o macho trata da comida para a fêmea. Isto acontece com o melro, o periquito, o pelicano, o peneireiro, o ganso, o pintassilgo e o corvo. No caso da cegonha ambos os progenitores constroem o ninho e alimentam as crias. O mesmo se passa com o rouxinol e o pombo-torcaz, entre outros.

Mães adotivas

A galinha choca os seus ovos ou de outras galinhas, mas cuida de todos os pintainhos como seus. As fêmeas do elefante africano no parto são ajudadas por outras fêmeas parteiras e as crias, por vezes, juntam-se a outras fêmeas que delas cuidam como filhas adotivas; As fêmeas do leão e do hipopótamo amamentam e cuidam das crias umas das outras; A fêmea suricata quando tem uma cria e vai caçar, outra fêmea é quem cuida da cria.

Fêmea cuidadoras

A fêmea do orangotango é das que trata as crias por mais tempo, cuida do filho até aos oito anos; A cria-fêmea do búfalo africano fica com a mãe até esta ter também uma cria; A gorila amamenta a cria até aos quatro anos; No caso da doninha, furão, o leopardo, entre outros, os filhos são criados apenas pela mãe. O polvo fêmea põe os ovos nas fendas de rochas e ali fica, sem comer, a proteger os ovos, até que estes eclodem e a mãe acaba por morrer. Fenómeno idêntico se passa com a fêmea do salmão, a qual, após percorrer milhares de quilómetros até ao local onde nasceu, faz a desova e morre de seguida.

Negligência e violência

O cuco é dos animais mais negligentes a cuidar dos filhos. O cuco fêmea procura o ninho de outra ave no qual deita um ovo fora e põe o seu. A cria do cuco acaba sendo incubada e alimentada pelos pais adotivos perante a total indiferença dos pais biológicos. No caso da águia dourada e da coruja das torres, na falta de comida os filhos mais fortes comem os irmãos mais fracos; O tigre siberiano e os leões machos, por vezes, matam as crias para acasalar com a mãe. A rata mata os filhos que apresentem ferimentos. Há outras espécies que, por razões desconhecidas, matam também alguns filhos.

* Extrato de um capítulo do livro Breve História do Direito das Crianças e dos Jovens, Ed. Vieira da Silva.