Madeira

TV alemã denuncia venda fraudulenta de fruta na Madeira

Documentário sobre fruta exótica com adição de açúcar e vendida e peso de ouro, no Mercado dos Lavradores, já foi visto por mais de 83 mil em menos de 24 horas

Veja o vídeo produzido por Peter Giesel

Uma banca de venda de fruta do Mercado dos Lavradores foi visada num documentário sobre destinos turísticos fraudulentos, produzido por um canal privado alemão, acusando da adição de açúcar em fruta exótica que é dada a provar a clientes e vendida a preço de ouro.

O autor do documentário é Peter Giesel, um experiente jornalista que já chefiou uma redacção de reportagem da Focus TV na Alemanha e que desde 2015 lançou a ‘Uptown Media’, produtora de uma série de documentários. A ‘Achtung Abzocke’, assim se designa, percorre o mundo com o objectivo de desmontar esquemas fraudulentos que alegadamente visam burlar turistas nos destinos de férias mais procurados por alemães e europeus, em geral.

Aos ouvidos da produtora germânica chegou a denúncia – muitas delas partilhadas em portais como a TripAdvisor – de uma alegada fraude em torno da venda de fruta no Mercado dos Lavradores, no Funchal. Uma investigação que trouxe Peter Giesel à Madeira para tirar a prova dos nove à fruta extra-doce e a peso de ouro.

Numa reportagem com pouco mais de 17 minutos, a produtora germânica concluiu que aquele posto de venda onde há fruta previamente cortada nos expositores para dar a provar aos turistas, contém açúcar. Para tal, a equipa colheu amostras que foram submetidas à medição da glicémia. Resultado: havia 10 gramas de açúcar diluído por 100 gramas de fruta.

Na reportagem, Peter Giesel demonstra ainda que lhe cobraram 85,71 euros por um saquinho com fruta típica madeirense – maracujá e derivados - que ele provou já no hotel, constatando que não era tão doce como a fruta dada a provar no Mercado dos Lavradores. Alguma era mesmo ácida e difícil de degustar.

A ‘Achtung Abzocke’ concluiu que ficou assim, desmontado, um esquema de adição de açúcar em fruta exótica, vendida a preços inflacionado com o intuito de enganar os clientes, na sua maioria turistas, num dos pontos de maior atracção e de passagem obrigatória, no Funchal.

Uma prática que não é geral. Para contrapor, a reportagem deslocou-se à frutaria do Anadia, escassos metros do Mercado dos Lavradores, onde demonstrou que há locais de venda de fruta exótica com qualidade e comercializada a preços honestos, mesmo baratos para o poder de compra da maioria dos europeus.

O documentário foi publicado ontem, segunda-feira, no canal do Youtube, e conta com cerca de 83 mil visualizações em menos de 24 horas.

ARAE admite ter recebido "diversas queixas"

A polémica em torno da venda de fruta adulterada com açúcar no Mercado dos Lavradores não é nova e já foi levantada no passado, na Madeira.

Há duas semanas, a Autoridade Regional das Actividades Económicas (ARAE) admitiu, num comunicado de imprensa, ter recebido “diversas queixas relacionadas com a práticas nos mercados e feiras da Região, no que diz respeito ao corte e adição de açúcar na fruta para consumo nos stands e/ou nas bancas dos mercados municipais”.

O corte da fruta e a adição de açúcar, respectiva exposição e distribuição para prova dos clientes, constituem acções de manipulação dos géneros alimentícios à luz do Regulamento (CE) n.º 852/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril de 2004, relativo à higiene dos géneros alimentícios, o que obriga ao cumprimento das regras de boas práticas de higiene ali contidas, e especificamente das constantes dos capítulos II e III do anexo II do referido Regulamento.