Madeira

Partidos pequenos "sabem as regras do jogo"

Filipe Malheiro reage à manchete de hoje do DIÁRIO

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Foto arquivo

Jornalista desvaloriza queixas dos partidos pequenos sobre fecho das listas de candidatos e critica aproveitamento mediático por parte de "projectos pessoais", que muitas vezes "surgem de dissidências partidárias" e "só aparecem na altura das eleições"

Acho que eles [partidos pequenos] não têm razão nenhuma de se queixar, porque sabem ao que vão e sabem as regras do jogo.

Filipe Malheiro, a propósito do tema que faz manchete na edição impressa de hoje do DIÁRIO, explica que "as regras para os actos eleitorais estão definidas há muito tempo, nomeadamente desde de 1976 quando se realizaram as primeiras eleições para as autarquias" e que "qualquer legislação eleitoral é alterada na Assembleia da República por iniciativa dos próprios partidos".

Neste sentido, o jornalista entende que "se os partidos com representação parlamentar, que inclui grandes e pequenos, entendem que as leis precisam de ajustamentos, então devem ter a iniciativa de propor essas alterações".

Legislação deveria ser revista para facilitar candidaturas de listas de cidadãos

O comentador equaciona um possível cenário em que "os partidos mais pequenos, pela sua dimensão, poderiam apresentar. em vez da totalidade de efectivos e suplentes, um número mais pequeno de candidatos".  Não obstante ressalva: "Aí deixava de haver igualdade entre partidos".

Mais benéfico, na opinião de Malheiro - dado o cariz de proximidade com os eleitores nas eleições autárquicas - seria que a legislação fosse "revista, mas para "permitir uma maior facilidade para que listas de cidadãos pudessem concorrer".

As listas de cidadãos deveriam ter outras oportunidades, porque sobretudo numa freguesia há pessoas que se podem reunir à volta de uma mesa, ter ideias, ter propostas para a sua freguesia e depois esbarram numa série de dificuldades, burocracias, receios e boicoites que impedem uma candidatura que podia ser uma mais-valia.

Partidos pequenos "desaparecem do mapa" após as eleições

Para Filipe Malheiro o problema dos partidos mais pequenos é que estes "não têm expressão".

São muitas vezes projectos pessoais, que emergem dos chamados partidos grandes, fruto de divergências entre os mentores desses projectos e os seus partidos originais.

No seu entender, cabe aos partidos pequenos estar "no terreno", "junto das pessoas", para conquistar o eleitorado.

Não podem ser partidos para a comunicação social.

Com efeito, observa que "esse mediatismo aumenta na altura das eleições", mas findo o acto eleitoral muitos partidos pequenos "desaparecem do mapa".

O jornalista reconhece que "é um processo complicado", mas que "os próprios partidos, grandes e pequenos," são os responsáveis por afastar os eleitores da política.

As pessoas não estão disponíveis para emprestar o seu nome a um projecto partidário do qual sabem que não resultará nada de útil.