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E tu, o que é que escolhes?

Num momento em que as rotinas parecem readquirir alguma normalidade, importa fazer uma análise dos últimos 14 meses de vida coletiva.

Com muitas restrições, este foi provavelmente o tempo em que nos apercebemos que a Liberdade não é um dado adquirido. Apercebemo-nos ainda que o relativismo cultural em que vivíamos, alimentado por uma frenética agenda, nos levou, enquanto sociedade, a uma estagnação. Estagnação essa que foi sendo maquilhada pela loucura dos sucessivos dias. Quando fomos obrigados a parar, conhecemos melhor a realidade da nossa freguesia, cidade e mesmo da Região.

Tudo isto dito, talvez seja importante (tentarmos) perceber as diferenças entre março de 2020 e maio de 2021. Para as novas gerações, mais do que agravar o acesso a emprego qualificado, habitação condigna e qualidade de vida quando comparados com os restantes países europeus, esta pandemia veio demonstrar que o determinismo social a que a geração nascida em 90 tem sido votada, precisa de respostas efetivas e de ser alterado.

Corremos o sério risco, nessa geração, de sermos a primeira geração a viver uma vida inteira pior que a geração dos seus pais. Uma geração que nas primeiras três décadas de vida teve duas crises de dimensão inigualável nas 7 décadas anteriores, precisa de um acompanhamento diferenciado. Muito mais quando, globalmente, é uma geração muito mais qualificada que as anteriores havendo, intrinsecamente, mais competitividade entre os pares.

Para as novas gerações, e recentemente o Parlamento dos Jovens regional discutiu isso, a Segurança Social é uma prioridade. Não no sentido do organismo do Estado, mas sim como um princípio de proteção dos mais pobres, vulneráveis e doentes. Todavia, a resposta não tem de ser estratificada ou estadualizada. O importante é fazer da sociedade uma verdadeira comunidade de bem-estar que temo, transversalmente, não estarmos a concretizar. Num conceito comunitário o mais importante, desde que os direitos estejam assegurados, é o resultado. E nesse aspeto escolher prosas ou poesias é indiferente.

Uma sociedade que, em traços muito gerais, defenda “Paz, Pão, Povo e Liberdade” não pode querer por debaixo das suas saias tudo o que são responsabilidades. E havendo uma doutrina que defenda o “empoderamento das pessoas” não pode querer que o Estado se substitua a elas. Devemos valorizar os cidadãos. O Estado deve promover a Liberdade. Deve dar a cana e nunca o peixe pescado a quem está disponível a aprender a pescar.

Somos o que escolhemos ser. Nos próximos anos teremos de escolher se queremos prosseguir entre um país mais virado para as correntes de esquerda que caminha a passos largos para ser o mais pobre da europa, ou compatibilizamos os setores, acarinhamos a iniciativa privada e promovemos, verdadeiramente, a liberdade de realização pessoal. Sermos ricos não é termos um carro melhor, uma casa grande ou podermos ir a bons restaurantes. A nossa riqueza, enquanto comunidade, mede-se pela forma como tratamos os mais pobres e as oportunidades que damos às pessoas para saírem da pobreza. Ser rico é poder decidir. E isso será sempre um bem muito mais equitativo do que igualitário. Pena que alguns não percebam isso.

É tempo de apoiar os profissionais liberais, afastar os paternalismos do Estado na intervenção na Economia. Moderar não é intervir, mas sim regular. As novas gerações clamam por isso. Oportunidades, não resultado prontos a serem adquiridos.

Há sempre duas perspetivas na saída de uma crise. Ou somos auratos das desgraças ou vemos nelas novas oportunidades para corrigir os erros. Somos o que escolhermos ser. E tu, o que é que escolhes?