“A César o que é de César”

Em política não se fazem amigos. (às vezes, perdem-se) Fazem-se alianças.

Incentivados, quase empurrados por ditas amizades embrenhamo-nos em caminhos e veredas sinuosas donde não é muito fácil sair.

Aproveitando-se de alguma ingenuidade nossa, aliada a algum deslumbramento, “lançam-nos os às feras” e não se coibem de “tirar-nos o tapete” na primeira oportunidade. E são esses pseudo amigos que falham quando se impunha darem um ar da sua graça.

“As pessoas nunca são o que parecem e nunca parecem aquilo que são.” Vão se revelando à medida que as circunstâncias o determinam e nos mais variados contextos. Algumas, ávidas de promoção social, em nome do bem comum, chegam-se e aconchegam-se a grupos, movimentos, partidos e afins, como trampolim para saltos maiores a breve ou a largo trecho. Sem esse “apêndice, noutras paragens, em qualquer lugar da Região ou do país, não passariam de ilustres desconhecidos. Atingidos os objectivos a que se propõem, nunca mais se sabe de nada... Bem comum, cá te viste! E há por aí tantos narizes empertigados, umbigos inflamados de tanto ego exacerbado... Mas, “presunção e água benta cada um toma a que quer.”

Não é de meu feitio passar indiferente na presença de injustiças, nem concebo que a dignidade de cada um seja beliscada sob pretexto algum. Muito menos quando isso acontece em praça pública, sendo alvo de chacota e enxovalho. Não me cumpre assumir a defesa de ninguém, nem fui convidada para isso, mas reprovo veementemente um comportamento envolto em silêncio por parte de quem, no mínimo, deveria mostrar alguma solidariedade. Acho profundamente deselegante. Quando se tratam assim os amigos, o que não se fará aos inimigos... Já perceberam, com certeza, que me refiro à situação política do sr. Presidente da Câmara, tornada pública pelo próprio. Acho intolerável que, depois de o terem utilizado como “carne para canhão”, nenhum dos seus apoiantes se sinta incomodado e saia em sua defesa. Pelas suas palavras depreende-se que o deixaram sozinho. Sintomático.

Com que credibilidade se apresentarão a sufrágio futuros candidatos da mesma orientação política? Não terão receio de que lhes suceda o mesmo? Ou fecharão a ética na gaveta, por tempo indeterminado?

Não está aqui em causa o seu desempenho na condução da autarquia. Isso são contas de outro rosário. Para o bem ou para o mal, é devido todo o respeito à sua pessoa enquanto representante da Instituição a que preside. Da parte de todos. Dos que o incentivaram, aplaudiram e o ajudaram a ocupar o respectivo cargo, esperar-se-ia o mínimo de reconhecimento e solidariedade. Porque foi a popularidade de que gozava como presidente de Junta que levou o seu partido à vitória nas eleições autárquicas de 2017.O u alguém ainda tem dúvidas?

Para que não haja azo a especulação, ninguém me pediu nada. Dispenso agradecimentos. Também nunca fui, não sou, nem pretendo ser filiada em nenhum partido político.

Sou pela verdade e pela justiça. Sempre. Ainda que não me seja favorável. Por isso:

“A César o que é de César”.

Madalena Castro