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Economia terá contraído 7% no primeiro trimestre

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A economia portuguesa terá caído, no primeiro trimestre, 7% face ao mesmo período do ano passado e 5% face ao quarto trimestre de 2020, de acordo com o NECEP - Forecasting Lab da Universidade Católica de Lisboa.

"No 1.º trimestre de 2021, a economia portuguesa deverá ter contraído 5% em cadeia ou cerca de 7% na variação homóloga", pode ler-se num comunicado hoje divulgado pelo núcleo de estudos económicos da instituição.

A Católica de Lisboa realça, no entanto, que "existe bastante incerteza neste cálculo dado que alguns indicadores, como a produção industrial ou as vendas de cimento, sugerem quebras relativamente pequenas, enquanto outros, como as operações na rede Multibanco, as vendas de combustíveis ou o volume de negócios nos serviços, apontam para quebras substantivas".

"As razões para se perspetivar uma forte quebra em cadeia do PIB, a maior de sempre desde que há dados trimestrais e com a exceção do segundo trimestre do ano passado, são o estado de emergência e o confinamento severo que impediu o regular funcionamento da sociedade", pode ler-se no documento.

O NECEP - Forecasting Lab refere que a economia portuguesa "deve ter operado a cerca de 90% do nível do quarto trimestre de 2019, o último período 'normal' antes da pandemia", e a taxa de desemprego deverá ter subido para 7,3%.

Para 2021, no conjunto do ano "o cenário central é agora de crescimento em torno de 1%, uma revisão em alta de três pontos percentuais face ao ponto central da previsão anterior (-2%)".

Segundo o núcleo, "a razão principal para esta revisão é a nova informação do INE sobre as contas nacionais de 2020, com uma contração do PIB inferior ao anteriormente previsto, e ainda por a estimativa da contração do PIB no 1.º trimestre estar próxima do limiar superior das simulações anteriores do NECEP".

"Configuram-se cenários diversificados que vão de uma contração de 2% a um crescimento de 4% este ano. É provável o aumento da taxa de desemprego para valores entre 7,2% e 8,0% com um ponto central de 7,6%", refere a Universidade Católica de Lisboa.

A universidade considera que "há ainda um risco de forte deterioração das contas públicas e a necessidade de um orçamento retificativo para 2021", com as moratórias a constituírem "um risco acrescido significativo sobre a economia portuguesa e o sistema financeiro, notando que correspondem a quase 25% do PIB de 2019".

"Para 2022 e 2023, espera-se o regresso ao crescimento, se bem que, na visão do NECEP, menor do que aquele que permitiria regressar, de forma expedita, ao nível do PIB do quarto trimestre de 2019", de acordo com a Universidade Católica.

Assim, "o cenário central para 2022 é de um crescimento de 4,5%, por via da baixa probabilidade de confinamento nesse ano, e de 3,5% em 2023, com o PIB a regressar ao nível de 2019 nesse horizonte temporal".

Como conclusão, o NECEP afirma que "a economia portuguesa permanece num ambiente de elevada incerteza associada à evolução da pandemia, da administração de vacinas e das medidas de confinamento".

"A disparidade de previsões das diferentes entidades que acompanham a economia portuguesa reflete, também, as diferentes probabilidades associadas à possibilidade de confinamentos severos nos próximos meses", pode ler-se no documento.

O NECEP considera que o "ambiente político, mediático e social é favorável a confinamentos severos caso se vislumbre uma deterioração significativa nos indicadores sanitários diários da pandemia, com o cenário central de crescimento fraco do PIB em 2021 a refletir o valor esperado desse efeito".