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Todas as "soluções possíveis estão em aberto" quanto ao futuro da SATA, diz Bolieiro

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O presidente do Governo dos Açores considera que todas as "soluções possíveis estão em aberto" quanto ao futuro da companhia área SATA, depois do aumento de capital de 130 milhões de euros previsto para 2022 não ter avançado.

"Todas as soluções possíveis estão em aberto e a seu tempo e neste quadro de contactos com a Comissão Europeia pode haver outras oportunidades para 2022", afirmou José Manuel Bolieiro, quando questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de existirem novos aumentos de capital em 2022.

O presidente do executivo açoriano (PSD, CDS-PP, PPM) falava na noite de quarta-feira, em Ponta Delgada, na delegação da Assembleia Regional, após uma sessão de esclarecimento sobre a situação da companhia, à porta fechada, com o presidente do grupo SATA, Luís Rodrigues, e os líderes parlamentares das forças representadas na Assembleia Regional.

Na anteproposta de Orçamento da região para 2022 estava prevista uma injeção de capital de 130 milhões de euros na companhia área, um valor que foi, entretanto, corrigido na proposta final entregue ao parlamento.

Em 03 de novembro, o secretário das Finanças justificou essa correção com o "ambiente" político regional, o chumbo do Orçamento do Estado e uma reunião entre o executivo e a Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia.

A diminuição do endividamento foi uma das exigências feitas em 26 de outubro pelo deputado Nuno Barata, da IL (que suporta o executivo no parlamento), que disse votar contra o documento se o executivo açoriano não reduzisse aqueles valores.

Bolieiro referiu que poderão existir "outras soluções" em 2022 "além da solução de aumento de capital".

"Está tudo em aberto com uma solução na qual, obviamente, a região tem um compromisso no quadro da execução do seu orçamento para 2021 e, portanto, a seu tempo, relativamente a 2022, será anunciada a solução", declarou.

O presidente do Governo dos Açores desvalorizou ainda o prejuízo registado pelo grupo SATA no primeiro semestre de 2021.

"Todos os mundos da aviação, por entre os anos pandémicos, tiveram essa dificuldade. O que importa saber é se uma gestão profissional, competente e independente, sem intromissão política, pode assegurar um negócio viável", apontou.

O social-democrata destacou ainda os resultados positivos da companhia naquele período antes dos juros, impostos e amortizações (EBITDA) e a possibilidade de tal ocorrer novamente no segundo semestre do ano.

"Face ao Plano de Reestruturação apresentado e ao negócio que agora neste segundo semestre se demonstrou com a possibilidade de um EBITA positivo, é até a gestão concreta do negócio que está melhor do que a previsão", assinalou.

Segundo as Demonstrações Financeiras do Setor Público Empresarial Regional, a que a Lusa teve acesso, o grupo SATA fechou o primeiro semestre do ano com um prejuízo de 44 milhões de euros.

Os resultados demonstram que, entre as empresas do grupo, a Azores Airlines registou cerca de 45 milhões de prejuízo (mais 11 milhões do que no ano passado), enquanto a SATA aeródromos teve um lucro de 281 mil euros e a SATA Air Açores um saldo positivo 528 mil euros.

O plano de reestruturação da SATA, apresentado em fevereiro, foi enviado para Bruxelas em abril e prevê que a companhia volte a ter lucros em 2023, com poupanças na casa dos 68 milhões de euros até 2025.

A Comissão Europeia autorizou, em 2020, um auxílio de emergência de 133 milhões de euros, tendo autorizado mais tarde um novo apoio no valor de 122,5 milhões de euros.

As dificuldades financeiras da SATA perduram desde, pelo menos, 2014, altura em que a companhia aérea detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a registar prejuízos, entretanto agravados pela pandemia de covid-19.

A SATA Air Açores é a responsável pelas ligações aéreas entre as várias ilhas do arquipélago e a Azores Airlines liga a região autónoma com o exterior.