Uma velha “estória”

A gente ouve e cala,às vezes sorri,encolhe os ombros, mas há ocasiões /situações que custa mostrar que já se perdeu a paciência e a vontade de fingir que se acredita. Mais.Entre se resignar ou indignar,eu nunca vou me resignar. Insisto em ser uma pedra redonda num buraco quadrado.

Desde há alguns dias a esta parte,o avião da Força Aérea destacado no Porto Santo tem feito várias evacuações médicas para o Funchal,às vezes mais do que uma ,diariamente. Hoje não foi excepção. Ainda bem que dispomos deste serviço, sobretudo nos casos de maior gravidade.

Perante esta circunstância, há que parar e pensar o que não seria se tal não acontecesse. Quão limitados estamos,prisioneiros da nossa realidade geográfica, órfãos de melhores cuidados/condições de saúde, mobilidade etc.

Aproxima-se o Inverno a passos largos e não se vislumbra nada que nos possa garantir que será um Inverno diferente dos que há longo tempo nos remetem para um isolamento doentio,deprimente. Penso no passado,não como uma maldição de tristeza, mas como uma espécie de dicionário da "escuridão"que cai sobre nós. Janeiro(por razões que todos conhecemos)é um mês demasiado longo,demorado,de que nos despedimos sem saudade,mas com a tênue esperança de que o próximo futuro seja melhor...São dias que parecem meses,sem barco (paragem para manutenção )nem avião(por condições atmosféricas desfavoráveis ).Só uma angústia terrível e um desejo ainda maior que tudo corra com a maior normalidade, sem incidentes desagradáveis que não envolvam a saída da ilha.

O céu é o mesmo,o mar igual,continuamos a ter vento,a chuva pode aparecer,o tempo corre a seu ritmo.Tudo permanece inalterável. Tudo.Mesmo o que JÁ deveria ter mudado...

Vejo muito mais do que aquilo que digo.Digo muito menos do que penso.Não escrevo crónicas de "escárnio e maldizer "porque não tenho formação para isso.Relato,apenas,factos verídicos, do conhecimento geral.Observo,absorvo e tiro as minhas ilacções .

"Contra o veneno da opinião alheia, o melhor antídoto é o silêncio da indiferença".

Madalena Castro