CSM “desposse de bola” ou “desposse de poder”?

Li a entrevista do Presidente do Marítimo ao DN Madeira e fiquei finalmente a perceber a razão de 24 anos de falta de acerto na contratação de treinadores, jogadores e de resultados desportivos miseráveis…

Queixa-se em primeiro lugar que o futebol mudou e que há uma classe de treinadores “que começa a construir de trás para a frente, com um desgaste muito elevado, começando a construir dentro da sua pequena área, o que torna a eficácia e a finalização cada vez mais difícil”.

Presume-se que para o Presidente do Marítimo as equipas devam ser construídas “da frente para trás”, o que é no mínimo uma visão inovadora.

De facto, o que mais se tem visto na equipa do Marítimo é jogar para os lados e para trás e assim, o que se atribuía à falta de qualidade, pode ser afinal uma orientação presidencial!

Citando, provavelmente de forma descontextualizada, alguém que merece todo o respeito, descobriu que o problema da equipa do Marítimo e a causa principal dos maus resultados, é a “desposse de bola”, o que não surpreende, pois qualquer leigo percebe que na equipa há um certo problema em manter a posse de bola, ou mesmo em fazer um passe de metro e meio, por isso quando vemos os jogadores da defesa e do meio campo incapazes de construírem o seu jogo e de fazerem circular a bola a partir de zonas recuadas, optando pelo “chutão” para a frente a ver se alguém a apanha, é afinal para cumprir a tática do Presidente: a construção começa “da frente para trás” !

Para já a tática não está a resultar, mas, também ainda não sofremos autogolos, pelo que se espera que ao fim de mais dois ou três meses de treinos intensos, a coisa possa resultar!

Temos de compreender que a época começou em agosto e ainda “só” estamos em outubro, pelo que é preciso mais tempo para pôr a funcionar esta nova versão do “futebol total”!

Termos sido precocemente eliminados da Taça da Liga e da Taça de Portugal, competições de que já fomos finalistas, é apenas o custo de oportunidade para pôr em funcionamento esta visão inovadora de um Presidente que em 24 anos contratou 24 treinadores, sem que algum tenha sido capaz de pôr a equipa a jogar como deve ser …! Está assim justificado que poucos ou nenhum tenham chegado ao fim do seu contrato.

Mas, a partir de agora é que vai ser, “após as obras, há condições para investir no futebol” …!

Já todos tínhamos percebido que até agora não houve investimento no futebol e não é necessário ser especialista para perceber que as largas dezenas de jogadores que tem contratado ao longo dos anos, só vieram para fazer número ou para contribuírem para a economia regional. Para além, evidentemente, de preencherem o número de jogadores que o Clube é legalmente obrigado a inscrever, para cumprir os regulamentos de competições da Liga e da FPF.

Ficamos felizes por saber que agora o Clube “até já empresta dinheiro aos Bancos”, mas, não deixamos de estranhar que com tanta “saúde” financeira, não tenha sido possível resolver atempadamente o problema do relvado(!) dos Barreiros, obrigando a equipa a jogar no estádio do nosso maior rival, com custos desportivos que ainda se desconhecem. Para já, quatro pontos perdidos para dois concorrentes diretos na luta para evitar a despromoção …

O Presidente não o diz, mas, pela maioria das contratações que fez para esta época, suspeita-se que a “saúde” financeira só chegou depois de ser anunciada a outra candidatura, certo ?

Enfim, se existem dúvidas que a tática da “desposse de bola” possa resultar, já parece certo que o surgimento de uma alternativa pode fazer maravilhas: é a tática da “desposse do poder”!

Viva o Marítimo !

Luís Lemos Gomes