Que Fé. Mas que Fé!

A Fé não está vedada a ninguém. Ela cabe ou passa pelos corações mais ou menos abertos a que ela entre, se aloje, se alimente, ou simplesmente não encontre moleza suficiente para ser aceite e manifestar. Mas as notícias dos jornais e têvês, fazem-nos meditar e equacionar, sobre quantos tipos de Fé caminham por aí. E aí, é como quem diz, pelos lares, pelas estradas e caminhos ásperos, pelos convívios e comemorações que tenham por detrás, histórias de vida e sofrimento, de agradecimento, amizade, solidariedade ou coisa do sagrado, tais como peregrinações até altares Divinos. E a Fé rompe mais o silêncio, quando feita em grupo ou bando colorido, ou de maneira sóbria e em chinelos que salvaguardem os pés e dêem descanso ao corpo e à cabeça. Se possível. Mas a notícia, dizíamos, falava de um grupo de 18 super-adeptos de futebol, que normalmente não vêem jogo nenhum quando se reúnem num estádio fazendo dele uma arena, e são conotados apenas com a violência e o rebentamento de petardos e por fazerem fumarada espessa e escura. Ao deslocarem-se a Fátima este grupo de peregrinos, que Fé é que os moveu? De que arrependimento e absolvição de pecados pedem e esperam, à chegada em vésperas da visita papal, e do jogo de futebol entre um clube candidato ao maior título da modalidade do país e o opositor minhoto, que parte da terra do Fundador? Que Fé será por eles ali em Cova de Iria exposta em oração, ou não haverá uma Fé escondida, mais remota e provocadora, e não para expiação dos pecados pelas malvadezas feitas durante os acontecimentos desportivos? Não será apenas para pedir à Senhora do Rosário, que deite uma mãozinha no resultado final entre os contendores, que na Luz do SLB se deseja, apareça, e em benefício do clube da Invicta, mui nobre e sempre leal cidade, azul e branca, e para que a esperança não termine no dia da visita do santo Padre que também marcará presença mas em trabalho religioso, para canonização de uns pastorinhos, que não jogavam à bola, apenas guardavam outro tipo de rebanho? O Mistério da Fé, é muito difícil de entender. Para mim pelo menos, “já que ela me falta”. E logo a mim que não viro as costas a nenhum jogo, enquanto ele decorre!

Joaquim A. Moura