Dez milhões de euros concretizam transição digital nas escolas
Cumprido o projecto dos manuais digitais, o desafio é agora a IA e acompanhar o desenvolvimento tecnológico
O quadro de ardósia com o número da aula, a data e a mensagem de boas-vindas remetia para o ensino tradicional, mas foi com o tablet em frente que os alunos do 9.º4 acolheram a comitiva da Secretaria Regional de Educação, Ciência e Tecnologia, que esta manhã esteve na Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco. Foi o assinalar simbólico da conclusão da implementação do projecto dos manuais digitais, uma iniciativa que arrancou na Madeira em 2018 com a experiência-piloto do 5.º ano e que representou um investimento de dez milhões de euros.
A transição foi progressivamente abrangendo todos os alunos do 5.º ao 12.º ano das escolas públicas da Região. Jorge Carvalho não tem dúvidas de que este é o caminho, lembra que os países que estão a recuar nos manuais digitais fazem-no no Pré-escolar e 1.º Ciclo, que a Região nunca incluiu. Agora começou a experiência em duas escolas com a inteligência artificial (IA). O desafio é manter a actualização face ao desenvolvimento tecnológico.
Com o início deste ano lectivo e a distribuição generalizada dos chromebooks e manuais digitais aos alunos do 12.º ano, a Madeira dá por concluído o processo de transição digital. Jorge Carvalho aproveitou a ocasião e a presença dos representantes da Porto Editora, Samsung e Altice, parceiros do projecto, para fazer o teste. Perguntou aos alunos, que estão desde 2020/2021 com manuais digitais, se os tablets funcionam e se gostam de os usar, e em relação aos manuais digitais, o secretário quis saber, além de se funcionavam bem, se achavam interessante a dinâmica e os conteúdos propostas, se ajudam e facilitam nos estudos, tendo recebido respostas afirmativas, ainda que tímidas. Já a professora, complementou, garantindo que o livro de Português, que naquele caso em concreto estava a ser usado, tinha “imenso conhecimento e material”.
Convidados a avaliar a mudança, Madalena, uma das alunas, começou por lembrar que agora os alunos não têm de carregar tanta coisa na nossa mochila. “É uma boa experiência… é uma coisa diferente para nós experimentarmos as novas tecnologias, acho que está a correr tudo bem e é continuar assim, sempre a evoluir”.
Nenhum dos alunos presentes se manifestou a favor de voltar atrás, aos livros físicos.
Entre os 20 alunos presentes na sala, quatro estavam sem os equipamentos, tiveram problemas técnicos e aguardavam a entrega. Segundo o Secretário, no máximo até segunda-feira todos os equipamentos estarão entregues nas escolas.
O secretário escolheu a Gonçalves Zarco porque tem precisamente alunos do 5.º ao 12.º anos e porque foi desta escola a primeira turma de Ensino Secundário a receber a experiência-piloto. Na sala, Nuno Parreira, director-geral da Samsung Portugal e fornecedor dos equipamentos, agradeceu o interesse e destacou os benefícios do uso da tecnologia no ensino: “Faz-vos colaborar mais, trabalhar melhor com os professores, trabalhar melhor também em casa e na interacção com os vossos pais, por isso utilizem a tecnologia com propósito, se calhar o mais importante também na vossa vida futura”, sublinhou. Nuno Parreira disse ainda que estará cá para trabalhar para a fase seguinte: “Apoiar-vos em novas inovações nesta área da tecnologia, que irá ter futuros passos, como sabem, inteligência artificial e outro tipo de inovações, que vocês têm de estar preparados para trabalhar com elas”.
Rui Pacheco, director da divisão Técnica de Educação da Porto Editora assumiu que perante a turma e os restantes presentes que a empresa aprende muito com o projecto. “Uma das coisas que todos têm de ter consciência aqui na Madeira é que o que se vive aqui não é comum. As oportunidades que vos estão a ser proporcionadas não existem para a generalidade dos alunos do continente, por exemplo”, frisou o representante. “Em grande parte todos vós sois privilegiados por terem acesso a isto e nós somos privilegiados por podermos contribuir para esse processo”, afirmou.
Já cá fora, Jorge Carvalho destacou a importância neste processo da formação de professores e do acompanhamento por parte das famílias, uma vez que para os alunos a transição é assimilada de forma muito fácil. “Nós não temos muitas reservas de que estamos a antecipar o futuro, a trazer o futuro ao presente”, disse. “Ninguém tenha reservas em relação àquilo que vai acontecer nos próximos anos. É preciso é nós também compreendermos o que é que vai acontecendo”.
O secretário, que será substituído por Elsa Fernandes, uma vez que é candidato à Câmara Municipal do Funchal, não tem dúvidas: “Co a capacidade instalada actual, seja do ponto de vista da capacitação dos professores, seja do ponto de vista do suporte das redes e dos equipamentos informáticos, todo este ecossistema informático permite que as escolas possam avançar para novos desafios”. E destaca o início neste ano lectivo das experiências-piloto ao nível da inteligência artificiar em duas escolas, a Básica e Secundária de Santa Cruz, ao nível do 5.º ano de escolaridade, e a Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol ao nível do 10.º.
“Manter, mas acima de tudo continuar a inovar. E os desafios hão de continuar a surgir de acordo com aquilo que é o processo evolutivo das sociedades e neste caso particular aquilo que a tecnologia e o digital vêm proporcionar aos cidadãos e que as escolas, do nosso ponto de vista, não devem ficar aleadas desse desenvolvimento.
Quanto ao novo ano lectivo, o secretário deu conta que há substituições, essencialmente por doença, a realizar em termos de colocação de professores, a lista sairá ainda hoje e há também ofertas públicas de emprego, algumas dezenas, sobretudo para áreas que não têm formação docente por base, como a Música e a Informática.