Há 19 anos Alberto João Jardim queixava-se de ser "perseguido" pelo DIÁRIO
Há 19 anos, o DIÁRIO fazia manchete com o facto do Estado de direito estar a ser posto em causa, isto porque Alberto João Jardim queixava-se de "perseguição" por parte da Imprensa, sobretudo do DIÁRIO.
A 20 de Agosto de 2006, o diretor do DIÁRIO, Luís Calisto, assinava uma peça em que explicava que, embora Alberto João Jardim tivesse sido o criador da guerra entre a Política e a Informação, o então presidente do Governo Regional começara a lutar ao lado dos jornais, falando diariamente da liberdade de imprensa.
"O Verão de 1974 viveu-o Jardim a tentar formar um partido não comunista que chegasse a médio prazo ao poder na Madeira, via Frente Centrista ou PPD. Com muitas batalhas internas nessas duas formações embrionárias. Poucos meses depois, já director do Jornal da Madeira, defendia com afinco a "liberdade de imprensa", a seu ver "um dos terreiros da luta por um futuro digno". Considerava então qualquer jornal como um lugar de debate de ideias e não um "lupanar para onde se atiram ódios pessoais", podia ler-se na reportagem.
A imprensa escrita (regional), no seu conjunto, tem a boa qualidade de ser legitimamente pluralista, cada órgão vivendo no pleno direito de seguir a respectiva orientação" Alberto João Jardim, em 1975
Na linha temporal que a reportagem elabora é recordado que, em Março de 1978, Jardim passava do Parlamento para a Presidência do Governo Regional e, que "sem perda de tempo", fez aprovar na Assembleia um decreto regional que lhe permitia obrigar todos os órgãos a publicarem as suas "notas oficiosas", na íntegra e em tempo útil.
Também não passava despercebida outra situação criada por Jardim, esta relativamente à televisão estabilizada, "a de incitar os milhares de presentes no Paul da Serra à ocupação das instalações então nas Maravilhas.
"O jornalista de serviço no Paul pela RTP sente-se em perigo perante os ânimos exaltados da multidão. Não faltam, também neste caso, as reacções críticas aos níveis regional e nacional, falando-se da "irresponsabilidade" de Jardim e do incitamento ao "crime". Para contrapor, Jardim usa tempo de antena na RTP e faz sair uma das suas 'notas oficiosas'. Numa palavra, diz que andam com manobras de diversão, "deturpando" declarações suas, para desvias as atenções populares da crise nacional", podia ler-se.
É também relembrada a guerra contra o Continente do "provocador assumido no seu politicamente incorrecto" e os contra-ataques de lá para cá que Alberto João Jardim nunca deixou de responder. "Com treino regional diário... contra o DIÁRIO. A longa história que se conhece, até ao recrudescimento do contencioso nos últimos anos. Agora mesmo, foi lançada para cima da mesa a ameaça de um corte de negociações empresariais entre administrações de jornais... por causa do trabalho editorial. Se existe o Estado de direito está em défice", concluía assim a reportagem.
Jardim queixa-se de estar a ser perseguido há 30 anos pela Comunicação Social. Diz que jornais e televisões escondem a sua obra. Que deturpam as suas declarações. Que facilitam a vida à oposição. E chama nomes a directores e jornalistas "vigaristas", "avençados", "de cócoras perante Lisboa", "escribas", "serventuários", "bufos-queixinhas", "colaboracionistas". Impõe-se a conclusão de que não há Estado de direito. Porque: ou é verdade que o Chefe do Governo Regional diz e jornais como este o perseguem continuadamente, o que é crime; ou não é verdade e o Presidente faz acusações sem as provar, quando, ao contrário, o autor de "ofensas" ao Presidente é levado ao tribunal. Equação para a Justiça resolver de uma vez por todas Luís Calisto, director do DIÁRIO em 2006
REGIONAL - Para as Selvagens e em força!
Na mesma edição também era dado conta de que uma força de fuzileiros da Armada e dois elementos da Polícia Marítima tinham desembarcado na Selvagem Grande, em defesa da soberania nacional.
"Agora, Portugal está obrigado a enviar forças militares para o extremo sul do seu território nacional, onde pescadores furtivos - talvez incentivados por interesses que não os meramente económicos, quais corsários ao serviço de reis em épocas passadas... - ameaçam de morte vigilantes do Parque Natural da Madeira no desempenho das suas funções de proteger a biodiversidade da Reserva Natural das Ilhas Selvagens", podia ler-se.
NACIONAL - Braga é o distrito mais afectado pelos fogos
Naquele ano era noticiado que as chamas já tinham consumido, no distrito de Braga, 6.940 hectares, o que o tornava no distrito português com maior área ardida, segundo um relatório sobre incêndios divulgado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais.
Em 2006, até Agosto, já tinham sido registados 55 grandes incêndios, com uma área superior a cem hectares e onde a superfície ardida soma 18.464 hectares.
INTERNACIONAL - Popularidade de Chavéz continua bastante relevada
A cota de popularidade do presidente venezuelano Hugo Chavéz, que procurava a reeleição a 3 de Dezembro, continuava a ser elevada com 58,9 por cento das intenções de voto, segundo uma sondagem publicada pelo jornal Ultimas Noticias.
Assim, Chavez conseguia uma vantagem substancial sobre os seus opositores, Manuel Rosales, governador do Estado de Zulia que recolhia 19,3 por cento das intenções de voto, enquanto o humorista Benjamin Rauseeo, era creditado com 6,2 por cento. Um total de 17,8 por cento dos venezuelanos estava indeciso.