Sabia que o Funchal já foi bombardeado por navios alemães?
Na rubrica 'Canal Memória' de hoje recuamos até 3 de Dezembro de 1916
Na manhã de 3 de Dezembro de 1916, o Funchal viveu um dos episódios mais dramáticos da sua história recente. Eram cerca das 8h30 quando um submarino alemão emergiu ao largo da baía e iniciou um bombardeamento surpresa contra a cidade e contra três navios fundeados, provocando 39 mortos.
O relato publicado na época pelo DIÁRIO descreve um início abrupto e aterrorizante: “Trazemos estas linhas, ainda sob a dolorosa impressão que nos causaram os terríveis e trágicos acontecimentos de ontem”.
Sem aviso, o submarino abriu fogo, provocando destruição e pânico entre a população. Segundo o registo da altura, “a cidade ficou num pandemónio indescritível”, com moradores a fugir para as zonas altas e para os arredores. O ataque apanhou todos desprevenidos: “A investida foi de tal modo súbita que os fortes pouco ou nada puderam fazer.”
Durante quase quatro horas, o submarino manteve o bombardeamento. Os navios 'Dacia', 'Madeira' e 'Porto' foram os principais alvos. O ‘Dacia’ foi atingido primeiro, com uma explosão que, de acordo com o DIÁRIO de então, “se ouviu como um trovão que abalou toda a cidade”. Afundou-se minutos depois. O 'Madeira' teve o mesmo destino, enquanto o ‘Porto’, embora seriamente danificado, “continuou a arder, lutando para não soçobrar”.
provocando 39 mortos,
Também na cidade os danos foram extensos. Portas e janelas estilhaçaram-se, fachadas foram atingidas e a rotina urbana transformou-se em caos. O nosso matutino descrevia: “Muitas casas ficaram destruídas, a população corria desorientada pelas ruas, e o terror era visível em todos os rostos.” Apesar da violência do ataque, o número de vítimas foi menor do que inicialmente se temia.
O bombardeamento terminou ao início da tarde, quando o submarino se afastou para largo. O episódio viria a ser reconhecido como um dos mais inesperados e violentos ataques à Madeira durante a Primeira Guerra Mundial.
O DIÁRIO registou o sentimento que ficou na cidade: “A manhã de ontem ficará gravada para sempre na memória dos madeirenses”.
Passados 109 anos, o ataque de 1916 permanece como um dos acontecimentos mais marcantes da história militar do arquipélago — um dia em que a guerra, até então distante, chegou de forma brutal às costas do Funchal.
Descarregue aqui a edição de 05 de Dezembro de 1916, para ler mais sobre este acontecim