Porto Moniz e Ponta do Sol entre os 10 concelhos do país com menor poder de compra
Ao fim de oito anos, a Madeira deixa de ser a região do país com o poder de compra 'per capita' mais baixo, por troca com os Açores
Funchal é o 13.º município do país com valor mais elevado de IpC
Oito anos depois, a Região Autónoma da Madeira (RAM) deixou de ser a região do país com o mais baixo poder de compra ‘per capita’, por troca com os Açores, embora continue abaixo da média nacional. O Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio (EPCC), com dados relativos ao ano de 2023, hoje publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), destaca também que os concelhos do Porto Moniz e da Ponta do Sol figuram entre os 10 - de um total de 308 municípios do país - com o menor poder de compra.
“Passados oito anos, a Região Autónoma da Madeira (RAM), com um valor de 88,12, deixa, no IpC, de ocupar a última posição no ranking das nove regiões NUTS II, posicionando-se acima da Região Autónoma dos Açores (87,62), embora se mantenha abaixo das regiões NUTS II do Continente”, destaca a Direcção Regional de Estatística da Madeira (DREM).
O Indicador Per Capita (IpC) refere-se ao poder de compra manifestado quotidianamente, em termos per capita, nos diferentes municípios ou regiões, tendo como referência o valor nacional. Importa salientar que este indicador não representa o IpC dos residentes no município, mas o que foi manifestado nesse território.
Na análise por concelhos, verifica-se que o Funchal (109,06) é o único município da RAM com um IpC superior à média nacional e regional, sendo o 13.º município do país com valor mais elevado neste indicador de poder de compra, recuperando a posição alcançada em 2019.
Funchal e o Porto Santo com IpC superior à média regional
Além do Funchal, apenas o Porto Santo (97,19) possui um valor superior à média regional (88,12).
Com polo oposto estão os concelhos do Porto Moniz (61,78) e da Ponta do Sol (62,47), que são os municípios da RAM com o IpC mais baixo do País, integrando ambos o conjunto dos dez municípios nacionais com menor IpC, de um total de 308, no qual se incluem ainda sete municípios do Norte e um da região Centro.
Este estudo analisa também o indicador relativo à Percentagem de Poder de Compra (PPC), que é derivado do Indicador per Capita (IpC) e tem como objectivo avaliar o grau de concentração do poder de compra nos diferentes territórios. “As áreas caracterizadas por maior ou menor poder de compra dependem não apenas da distribuição do poder de compra em termos per capita no país, mas também da distribuição espacial da população residente”, explica a DREM.
Neste indicador, a RAM concentra 2,125% do poder de compra do país, destacando-se a posição do Funchal, que apresenta um IpC elevado e integra o conjunto restrito de 23 municípios que detêm mais de 1% do poder de compra nacional. Neste grupo incluem-se vários municípios da Grande Lisboa e da Área Metropolitana do Porto, bem como Braga, Leiria, Coimbra, Setúbal, Almada, Seixal, Guimarães e Vila Nova de Famalicão.
O concelho do Porto Moniz regista a PPC mais baixa da RAM, o que reflecte a sua reduzida expressão populacional. Individualmente, este município apresenta um valor correspondente a 0,015% do poder de compra nacional, posicionando-se apenas acima de dois municípios da Região Autónoma dos Açores (Corvo e Lajes das Flores) e de um município do Alentejo (Barrancos).
No contexto regional, o Funchal concentra 51,9% do poder de compra da RAM, seguido de Santa Cruz (15,0%) e de Câmara de Lobos (9,6%).
O EPCC inclui três indicadores: o indicador per capita (IpC) do poder de compra, a percentagem de poder de compra (PPC) e o fator de dinamismo relativo (FDR).
O indicador Factor Dinamismo Relativo (FDR) reflecte o poder de compra de manifestação irregular (geralmente sazonal), estando relacionado com os fluxos populacionais induzidos pela actividade turística. “Este indicador evidencia a dinâmica ainda presente na informação de base, para além daquela que se encontra associada ao primeiro fator extraído da análise factorial: o poder de compra per capita manifestado quotidianamente nos territórios (IpC)”, explica a DREM.
Este indicador, que traduz, de certo modo, a importância da actividade turística para os municípios – tendo em consideração o contexto nacional – evidencia a relevância daquela actividade para os municípios da RAM.
Neste âmbito, todos os municípios da Região, com exceção de Câmara de Lobos (-0,184) e Machico (-0,069), apresentam um FDR superior ao do país (-0,056), destacando-se Porto Moniz (2,252), Calheta (1,511), Funchal (0,904) e Porto Santo (0,841). Em termos de regiões NUTS II, a RAM apresenta o segundo valor mais elevado (0,552), depois do Algarve (3,106).
Este estudo apresenta uma análise dos municípios portugueses relativamente ao seu poder de compra, numa acepção ampla de bem-estar material, tendo por base um conjunto de variáveis e recorrendo a um modelo de análise fatorial em componentes principais, explica a DREM.
São disponibilizados indicadores de síntese que traduzem o referido poder de compra. Entre as variáveis consideradas, incluem-se dados sobre operações da rede SIBS, crédito à habitação concedido, impostos, população, ganho mensal dos trabalhadores por conta de outrem, empresas, vendas de automóveis novos e de prédios urbanos.
O estudo teve início em 1993. No documento metodológico de suporte à operação estatística é referido que “A metodologia adotada no EPCC é particularmente adequada ao confronto espacial dos diferentes indicadores de poder de compra apresentados, mas ajusta-se menos a comparações temporais”, sublinha a DREM.
“Por este motivo, a análise aqui apresentada reporta-se ao ano de 2023, sendo que os resultados relativos aos anos anteriores se encontram disponíveis no portal da DREM. Não obstante as cautelas necessárias na interpretação comparativa dos indicadores ao longo do tempo, é legítima a comparação das posições em termos de ranking dos diferentes municípios, no que respeita à sua evolução temporal” DREM